O senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da Comissão Parlamentar Mista (CPMI) das Fake News, pediu escolta à Polícia Parlamentar por estar recebendo ameaças.
Depois de assumir a presidência da CPMI, que investigará o uso de notícias falsas e de ataques cibernéticos que podem ter influenciado no resultado das eleições de 2018, Angelo passou a receber ameaças em seu e-mail profissional.
O autor de uma das mensagens disse que iria “encher sua boca de chumbo”.
Em nota oficial, o senador disse que “está se mexendo num verdadeiro vespeiro onde pode resultar em mais provas para subsidiar processos já tramitando no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das eleições presidenciais de 2018 e pode levar a diversos processos culminando na prisão de quem banca e para quem divulga notícias falsas, via perfil fake, visando depreciar seus alvos”.
“Creio que justamente por pregar tratamento mais duro contra esse tipo de gente, e pelo fato de a internet dar uma falsa sensação de anonimato, indivíduos descomprometidos com as leis se atrevem a espalhar ameaças. A Polícia Legislativa já cuida do caso”, diz a nota.
A CPMI reunirá 15 senadores e 15 deputados para investigar as notícias falsas na campanha eleitoral pelos próximos 180 dias. Os parlamentares responsáveis pela CPMI já anunciaram que serão chamados para depor representantes de redes sociais, como Facebook e Whatsapp, uma vez que essas ferramentas foram utilizadas para espalhar as notícias falsas.
O filho de Bolsonaro, o senador Flávio, agiu intensamente, na reunião da CPI na terça-feira (10), para obstruir e evitar que as redes sociais fossem convocadas para prestarem depoimentos e informações.
Flávio Bolsonaro é autor de duas homenagens, quando era deputado na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, miliciano expulso da PM e integrante do Escritório do Crime (uma espécie de central de assassinatos de aluguel das milícias), suspeito de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco.
O senador Angelo Coronel anunciou que o filho de Jair Bolsonaro e vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, será convocado para depor.
“O presidente não cansa de dizer que o filho [Carlos] foi responsável por suas redes sociais. Como tem processo aberto no TSE das eleições de 2018, nada como o próprio Carlos vir para dizer se houve irregularidade”, explicou Angelo.
Para a relatora da CPMI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), a tentativa do PSL, mais especificamente de Flávio Bolsonaro, e dos deputados Filipe Barros (PSL-PR) e Caroline de Toni (PSL-SC), de atrapalhar o começo das atividades da CPMI é suspeita. Filipe Barros tentou barrar a CPMI com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eles tiveram a postura de quem tem culpa no cartório, tentaram adiar o início das investigações, protelar, não votar requerimento. Não entendo o porquê. A CPI não tem rótulo para investigar A, B ou C. É para investigar o uso criminoso das redes sociais. Não sei por que temem”, disse.
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