Projeto paralisado há décadas impõe situação financeira crítica à estatal
A Eletronuclear encontra-se com uma situação financeira “crítica”, conforme declarou Alexandre Caporal, diretor presidente interino da empresa, mas ele não pretende pedir aporte do Tesouro Nacional.
Os recursos disponíveis de caixa são suficientes para honrar seus compromissos por apenas três meses.
A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas Angra 1, com potência instalada de 640 megawatts (MW), Angra 2, de 1.350 MW, e pelo projeto em desenvolvimento de Angra 3, de 1.405 MW.
A empresa busca uma solução emergencial que seria a suspensão temporária dos pagamentos de juros e amortização das dívidas sob empréstimos que a companhia tem junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal.
O serviço da dívida deve somar R$ 800 milhões neste ano, disse Caporal. Os gastos em manutenção da usina, os valores totais com Angra 3 superam R$ 1 bilhão por ano.
A empresa pleiteia apoio do Ministério da Fazenda para esse mecanismo chamado “stand still” (suspensão da dívida), em uma tentativa de ampliar o prazo de liquidez e evitar a suspensão de compromissos financeiros, que poderia provocar um acionamento do Tesouro Nacional, avalista de empréstimos.
A suspensão dos pagamentos do serviço da dívida daria fôlego financeiro para a Eletronuclear, até que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) defina o destino da usina nuclear de Angra 3 – cujas obras estão paradas há décadas.
“Não tem sentido fazer a Eletronuclear sangrar até potencialmente ter um colapso, porque R$ 1 bilhão de reais nenhuma empresa no mundo segura sem ter fonte de recurso para isso, por uma indefinição do governo [falta de definição do CNPE]. Ou vai vir a definição, ou vai vir o ‘stand still’, porque chegou-se num patamar que não tem como suportar mais”, acentuou Caporal.
A solução estrutural da empresa, segundo diretor presidente, passa pela definição das obras de Angra 3, e que não há ainda previsão de ser apreciada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Em novembro de 2025, estudo do BNDES apontou que terminar Angra 3 é mais vantajoso do que abandonar o projeto.
A Eletrobrás Termonuclear S.A. (Eletronuclear) é uma empresa brasileira de economia mista, controlada pela União via ENBPar, responsável pela construção e operação de usinas nucleares no Brasil, como Angra 1 e Angra 2. Gera cerca de 3% da energia do país, sendo uma fonte estável de eletricidade.
A Eletronuclear é controlada pela estatal Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) do Governo Federal,
A estrutura acionária da empresa, após a privatização da Eletrobrás, foi reorganizada, resultando em um controle compartilhado, mas mantendo a União Federal como controladora majoritária
A Eletronuclear tornou-se uma subsidiária da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A.), uma empresa pública federal criada especificamente para assumir o controle de ativos de geração nuclear e binacional (como Itaipu) que, por força da legislação, não poderiam ser transferidos para a Eletrobrás privatizada.
A Eletrobrás vendeu em outubro passado sua participação remanescente na Eletronuclear para a Âmbar Energia, braço do grupo J&F no setor de energia. Com a conclusão dessa operação, a Âmbar Energia passou a deter 68% do capital total (ações ordinárias e preferenciais) e 35,3% do capital votante (ações ordinárias) da Eletronuclear.











