O indicado por Jair Bolsonaro para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier da Silva, é investigado por ter dado um soco no rosto e ameaçado o próprio pai, de 71 anos, no início do ano.
Ele tomou posse como presidente da Funai no fim de julho.
Em janeiro deste ano, durante encontro na casa de um amigo em um sítio na cidade de Novo São Joaquim, a 220km de Cuiabá (MT), Marcelo discutiu com o pai e sua madrasta, de 60 anos, e ameaçou os dois.
“Cuidado quando o senhor vier para a fazenda, enfia a fazenda no cú, enfia o dinheiro no cú”, dizia Marcelo para o pai, conta a reportagem da BBC News Brasil.
Minutos depois ele desferiu um soco contra o idoso, apesar de ter várias testemunhas no local. O Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado pelo pai de Marcelo três dias depois.
Marcelo Xavier alegou que o inquérito foi arquivado, mas a Polícia Civil do Mato Grosso contesta essa versão.
Ele é delegado da Polícia Federal. Foi aprovado apenas no segundo concurso que prestou, tendo sido reprovado no teste psicológico do primeiro.
Seus examinadores entenderam que ele não tem a personalidade adequada para o cargo.
De acordo com um profissional que organiza estas avaliações, policiais não podem ser pessoas excessivamente agressivas ou impulsivas.
Enquanto delegado, foi investigado internamente duas vezes. A primeira foi por ter investigado irregularmente o ex-marido de sua atual esposa e a segunda foi por ter agredido verbalmente um procurador da República.
Marcelo chegou a ser afastado de uma operação para expulsar invasores de terras indígenas por estar colaborando com eles.
No início deste ano, Marcelo Augusto Xavier foi nomeado assessor do pecuarista e secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia. Mas não foi cedido a tempo pela Polícia Federal e teve a sua nomeação anulada em abril.
No governo de Michel Temer (MDB), Marcelo foi assessor do ex-ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) para assuntos ligados à questão agrária. Antes disso, foi ouvidor da Funai durante alguns meses, também na gestão Temer.