Giuseppe Conte, representante do Movimento 5 Estrelas (M5S), que conquistou a maior bancada nas eleições parlamentares, declarou sua desistência de formar governo, depois que o presidente da Itália, Sergio Mattarella, rejeitou a sua indicação do ministro da Economia.
O indicado do M5S foi Paolo Savona, crítico da submissão da Itália às condições impostas pela adesão ao euro. Savona já foi ministro da Indústria, de 1993 a 1994, e trabalhou no Banco da Itália. Em textos, debates e em um livro recente, ele destacou as preocupações com o euro e com a política econômica imposta pela Alemanha, argumentando que a Itália devia desenvolver um plano para se afastar da Zona do Euro com o menor dano possível ao país.
O presidente italiano confirmou que havia pedido a Conte que indicasse “outra figura que não significasse o risco de saída do euro”.
O líder do M5S, Luigi Di Maio, chamou a attitude do presidente Matarella de “um choque institucional sem precedentes”.
“De que serve votar se são as agências de risco que decidem?”, questionou Di Maio.
Ele acrescentou que a Itália deixou de ser uma democracia, pois a coalizão que detém 60 cadeiras no parlamento é impedida de formar o governo de sua escolha. “Isso dá raiva mas não termina aqui. Vou pedir ao parlamento que promova o impeachment de Matarella pois a recusa de nosso gabinete é incompreensível”, afirmou Di Maio.
Ao saber do veto presidencial a sua indicação, o economista Savona declarou, no domingo, que sua visão é “por uma Europa diferente, mais forte e mais igual”.
Savona destacou que acredita que a dívida da Itália deve ser reduzida, mas através de investimentos e estímulo da economia e não dos cortes nos investimentos públicos ou corte de impostos para beneficiar as grandes empresas.
Logo depois de rejeitar a indicação do M5S, o presidente italiano indicou, para formar o governo do país a Carlo Cottarelli, ex-diretor do FMI.