Para o governador do Rio, Wilson Witzel, Bolsonaro “está colocando em risco sua liberdade”
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que Bolsonaro pode ser julgado por crime contra a humanidade por estar atrapalhando o combate ao coronavírus no Brasil.
“Se pudesse dar um conselho como jurista, diria que está colocando em risco sua liberdade. A um chefe de Estado não se admite que vá na contramão do que dizem organizações internacionais das quais o Brasil é signatário, como a ONU [Organização das Nações Unidas] e a OMS [Organização Mundial de Saúde]”.
“Fazer ações que possam aumentar a pandemia pode ser caracterizado nos termos do artigo 7º do Estatuto de Roma, crime contra a humanidade”, afirmou.
Bolsonaro tem defendido que o Brasil deve ignorar o coronavírus e voltar às suas atividades normais. Para ele, apenas idosos e pessoas que pertencem ao grupo de risco devem ficar em casa.
No domingo (29), foi às ruas do Distrito Federal, reunindo ao seu redor dezenas de pessoas. Na volta de seu passeio, disse que estava cogitando a possibilidade de decretar o fim da quarentena em todo o país.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que apenas os serviços essenciais devem continuar funcionando e que as demais pessoas permaneçam em casa para que o vírus não se espalhe rapidamente.
Para Witzel, Bolsonaro não devia confrontar as “autoridades sanitárias porque amanhã a responsabilidade virá, e infelizmente, ela pode ser muito dura. Esse não é o momento de desafiar nem de fazer política. Mas é o momento de fazer aquilo que o Brasil espera de nós, aquilo que os governantes devem fazer, ser responsáveis em suas ações”.
O governador do Rio disse, na segunda-feira (30), que até domingo era um pedido, mas agora “é uma ordem” para que as pessoas fiquem em casa.
“Daqui a pouco vamos ter que começar a levar para a delegacia. Até então foi um pedido, agora estou dando uma ordem: não saia de casa. Porque aqueles que amanhã ou depois morrerem por falta de atendimento porque a curva de contaminação aumentou pela morte você [que saiu de casa] será culpado”.
Ele deu detalhes do decreto que prorroga por mais 15 dias a quarentena no Estado.
Entre outras continuam suspensa as seguintes atividades:
- Aulas nas unidades da rede pública e privada de ensino, inclusive nas unidades de ensino superior;
- Comícios e passeatas;
- Jogos de futebol e demais eventos desportivos;
- Sessões de cinema e de teatro;
- Shows;
- Eventos em salão ou casa de festas, como aniversários;
- Feiras;
- Eventos científicos;
- Visitação a unidades prisionais;
- Visitação a pacientes diagnosticados com o Covid-19.
El criticou o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que cogita o retorno das aulas no dia 12 de abril.
“Como o ministro [Luiz Henrique] Mandetta falou na entrevista dele e o nosso secretário Edmar já disse, as crianças são vetores. Permitir que voltem para as suas casas poderá ser um fator de contaminação grande. Não é recomendável. Vou inclusive comunicar o prefeito Crivella que não deve tomar essa decisão. Estamos com a curva controlada, com condições de atender pacientes no CTI”, disse.
“Minha determinação é não fazer a volta às aulas. Se o prefeito Crivella assim o fizer, entendo que tenho poder de polícia pra determinar o fechamento das escolas municipais”. completou.