O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ambientalista, Adalberto Eberhard, pediu demissão do cargo após pouco mais de três meses à frente da instituição, escancarando a crise deflagrada no Ministério do Meio Ambiente.
O ICMBio é responsável por propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental para a proteção da biodiversidade em todo o Brasil. A exoneração do ambientalista foi registrada no Diário Oficial da União desta terça-feira (16).
O episódio que antecede a demissão de Adalberto aconteceu no sábado (13), ele havia participado de uma agenda em Tavares, no Rio Grande do Sul, ao lado do ministro Ricardo Salles. No evento, junto com representantes ruralistas, o ministro ameaçou investigar agentes do órgão ambiental e determinou abertura de processo administrativo contra servidores que não estavam presentes.
O evento com os ruralistas não constava na agenda enviada aos funcionários.
“Não tem nenhum funcionário?”, questionou Salles. “Na presença do ministro do Meio Ambiente e do presidente do ICMBio, não há nenhum funcionário aqui. (…) Determino a abertura de processo administrativo disciplinar contra todos os funcionários”, acrescentou o ministro, no microfone, sob aplausos da plateia.
Assim como a crise interna no Ministério da Educação derrubou o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez o Meio Ambiente também vive um momento tumultuado
Também no fim de semana, o pivô foi o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em vídeo divulgado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), ele desautorizou os fiscais do Ibama que queimaram caminhões e tratores apreendidos numa operação contra o desmatamento ilegal em Rondônia, mesmo essa ação sendo prevista em lei.
Além disso, no início de dezembro de 2018, Bolsonaro havia criticado a atuação do ICMBio: “Não vou mais admitir o Ibama sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICMBio. Essa festa vai acabar”, disse durante uma formatura de cadetes aspirantes a oficial do Exército na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).
Além do ICMBio existem outros conflitos no Ministério do Meio Ambiente. A então presidente do Ibama, Suely Araújo, pediu demissão depois que o ministro fez insinuações sobre o valor da contratação de carros oficiais no órgão. O Ministério decidiu exonerar, em ato polêmico, um funcionário do Ibama depois que ele multou o então deputado Jair Bolsonaro por pesca ilegal em área protegida pelo órgão.