Claudia Sheimbaum se compromete a progredir na política de valorização do salário mínimo, de fortalecimento do Estado, como fatores integrantes de seu governo desenvolvimentista e sublinha que o “México não se submete aos Estados Unidos”
Com a gigantesca praça do Zócalo e suas vias de acesso lotados, a presidente do México, Claudia Sheimbaum, fez neste domingo (12) um balanço das conquistas econômicas, sociais, educativas, de segurança e infraestrutura do início da sua gestão e se comprometeu a progredir na política de valorização do salário mínimo, de “fortalecimento do Estado e de humanismo”, frisando que jamais haverá submissão aos Estados Unidos. Nem as baixas temperaturas nem a ameaça de chuva impediram a multidão de comparecer ao ato de prestação de contas dos seus primeiros 100 dias de governo.
Em 5 de dezembro do ano passado, a presidente anunciou uma elevação de 12% no salário mínimo para 2025, o que, segundo o portal do governo mexicano, é uma taxa de três vezes a inflação prevista.
Respaldada pelo apoio entusiástico de mexicanos que se deslocaram dos mais remotos rincões do país, Claudia Sheimbaum garantiu que honrará o voto depositado e dará continuidade à política de transformações iniciada pelo presidente López Obrador e “não para que regresse à decadência do passado em que se governava para uns poucos”.
“Amanhã apresentaremos o primeiro esboço do Plano México. É uma política abrangente de desenvolvimento econômico, equitativo e sustentável, que inclui o investimento público e privado para a industrialização, o turismo e os serviços, baseada no desenvolvimento de todas as regiões do nosso país, de acordo com os seus recursos naturais”, anunciou.
Dias antes do evento na Praça do Zócalo, Claudia apresentou o projeto de produção do carro elétrico Olinia, projetado e montado integralmente no México. Segundo a presidente o nome – ‘movimento’ na língua azteca nahuatl- também simboliza o compromisso de gerar uma indústria automotiva local e posicionar o México como referência no mercado de veículos elétricos na América Latina.
Ao lado de lideranças do seu Movimento de Regeneração Nacional (Morena) e de cinco governadores oposicionistas, Claudia Sheimbaum assinalou que entre as medidas prioritárias para aprofundar a democracia estão reformas como a do Poder Judiciário, a fim de assegurar o modelo de humanismo mexicano. “Tenham a certeza de que estou dedicada de corpo e alma ao bem do nosso povo e da nação. Para isso daremos a vida”, enfatizou.
Colocando pé no acelerador do seu mandato presidencial – que no México é de seis anos -, Claudia reiterou que vai “consolidar, somar e avançar” o projeto delineado por Obrador, assegurando que se equivocam os que aguardam um fracasso na política estabelecida. “A estratégia de segurança funcionará porque existe humanismo, dedicação e honestidade”, frisou, lembrando que entre setembro e dezembro passados os homicídios dolosos diminuíram 16%.
PRESIDENTE CONTESTA “COMENTOCRACIA” DA MÍDIA
A presidente contestou o oportunismo e a irresponsabilidade de alguns meios de comunicação, a “comentocracia”, que criticam a postura consequente com a qual se distancia do lugar comum dos demagogos. “Por que nos diferenciamos? Por que defendemos programas de Bem-Estar ou trabalhos estratégicos? Por que há continuidade no projeto? Mas sempre dissemos isso. Que surpresa? É por isso que lutamos todos esses anos. É por isso que nos elegeram, para continuar a transformação da vida pública no México, iniciada em 2018”, explicou.
Sinceramente, acrescentou Claudia Sheimbaum, “não sei o que eles esperavam”. “Que dissesse uma coisa e fizesse? Que me comprometesse com o povo na campanha e depois o traísse? Pois bem, eles vão ficar na vontade, porque nós, aqueles que temos palavra, aqueles que não mentem, aqueles que não roubam, não somos como eles. Nunca trairemos o povo do México”, destacou.
VALORIZAÇÃO DA CAPACIDADE E INTELIGÊNCIA DAS MULHERES
Mais uma vez, para aqueles que desdenham da capacidade e da inteligência das mulheres para governar ou ter iniciativa própria, a presidente foi bem clara. “Para quem ainda não entendeu que as mulheres podem, dizemos: assim como administramos uma casa, assim como somos mães e avós, também temos força, coragem, determinação e capacidade para sermos bombeiras, engenheiras, astronautas, médicas, advogadas e comandantes supremas das forças armadas”, sentenciou.
Na sua avaliação, com o imprescindível apoio do Congresso nos últimos meses de 2024 foi recuperada a essência democrática, republicana, social e patriótica da Constituição, sendo que um ponto chave foi a reforma do Judiciário. “Este 1º de junho de 2025 ficará registrado na história do México porque pela primeira vez juízes, magistrados, ministros da Suprema Corte de Justiça da Nação serão eleitos democraticamente!”, ressaltou a presidente, o que permitirá a autonomia deste poder. “Somos democratas e o que queremos é que a corrupção acabe no Judiciário”, enfatizou.
De acordo com a presidente em regimes anteriores roubaram dinheiro, utilizaram do poder para comprar votos ou para benefiar uma meia dúzia, enquanto hoje é distribuído em benefício de todo o povo mexicano.
NESTE ANO, MAIS 40 MIL NOVAS VAGAS NO ENSINO MÉDIO SUPERIOR
Dando continuidade ao diálogo com a sociedade nesta segunda-feira (13), a presidente anunciou a criação neste ano de 40 mil novas vagas no ensino médio superior – nível educacional que se cursa depois do segundo grau e antes da universidade -, que se somam ao que já existe. Desta forma, apontou Claudia, “vamos chegar a 200 mil novas vagas para o ensino médio no país, principalmente onde não há ensino médio, onde não há ensino médio tecnológico”.
Atualmente, a matrícula neste nível de estudos é de 5 milhões e 572 mil alunos no ano letivo 2024-2025, o que equivale a uma cobertura de 81%. Portanto, com a criação de 200 mil novos espaços durante o mandato, a administração concluiria com 85% de cobertura.