O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), disse que Jair Bolsonaro “só atrapalhou” o crescimento do partido e já cogita não apoiá-lo nas eleições presidenciais.
“O presidente atrapalha o Republicanos permanecer na base com esse comportamento e também atrapalha o Republicanos a crescer”, afirmou Pereira.
Jair Bolsonaro, ao escolher se filiar ao PL, disse que nenhum partido seria esquecido e que a base aliada teria espaço no governo e ajuda para crescer.
Ao contrário do que prometeu e traindo sua palavra, Bolsonaro tem cooptado deputados do Republicanos para passarem para o PL.
Marcos Pereira avalia que o crescimento do Republicanos “está caminhando bem” e que “a gente vai sair um pouco maior do que é, sem a ajuda do presidente, pelo menos por enquanto, porque até agora ele só atrapalhou”.
O Republicanos é um partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo. Marcos Pereira é pastor da Iurd.
Os parlamentares do partido pressionam no sentido de não apoiar Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições devido à sua alta rejeição, a maior entre todos os candidatos, e os fracos palanques estaduais.
Com a “neutralidade” do partido, seus parlamentares dividirão apoio entre Lula e Moro.
Bolsonaro discutiu se filiar ao Republicanos, mas desistiu da ideia quando ouviu do partido que não teria controle total. O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, se filiou ao partido.
Lideranças do PP também reclamam que Jair Bolsonaro só tem ajudado o PL, e nunca os partidos aliados.
Não é a primeira vez que um aliado de Jair Bolsonaro é acusado por aliados de serem passados para trás por ele. Pessoas ligadas ao falecido astrólogo Olavo de Carvalho, como os ex-ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Educação, Abraham Weintraub, falaram sobre a traição de Bolsonaro aos antigos aliados para se aliarem ao “centrão”.
O senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que era líder do governo, se candidatou para o Tribunal de Contas da União (TCU), mas, na hora da votação, os governistas, liderados por Flávio Bolsonaro, deram para trás e o deixaram sozinho. Bezerra entregou a liderança.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, defendeu um golpe de Estado ao lado de Jair Bolsonaro, mas disse que foi abandonado pelo governo depois de preso.
O ex-presidente do PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro se candidatou em 2018, Gustavo Bebianno, alegou ter sido traído por ele depois da eleição.
Bolsonaro queria o controle total do partido e suas finanças, sendo que isso nunca foi acordado. Bebianno chegou a ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência. “Foi uma traição, sem razão e mesquinha”, falou Bebianno, que faleceu em 2020.
O general da reserva e ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, acredita que Jair Bolsonaro “traiu todas as promessas de campanha. Traiu um país inteiro”.
“Eu vou dar só um exemplo. Ele falou que era contra a reeleição, mas governa desde o primeiro momento pela reeleição. Tudo que ele está fazendo em termos orçamentários é por conta da reeleição”, declarou.