Com uma pequena vantagem, Laurentino Cortizo, do opositor Partido Revolucionário Democrático (PRD), foi eleito presidente do Panamá. Com 33,19% dos votos, Cortizo se impôs a seu principal contendente, Rómulo Roux, do partido liberal Câmbio Democrático (CD), que obteve 31,02%. O candidato oficialista José Isabel Blandón chegou em quarto lugar (10%), atingido pela rejeição ao atual presidente, Juan Carlos Varela.
O PRD também foi vencedor no Parlamento. De 71 cadeiras na Câmara dos Deputados, esse partido ganhou 29, enquanto que o CD liderado por Roux conseguiu 17, oito menos que nas últimas eleições, em 2014. O governista, Partido Panameñista, ficou com oito deputados, a metade dos que obteve na eleição anterior.
Cortizo foi ministro de Desenvolvimento Agropecuário durante o governo de Martín Torrijos (2004-2009). Especialista em comércio internacional, o presidente eleito fez um chamado à unidade de todo o país para enfrentar os desafios que terá a partir de 1º de julho. Entre eles, Cortizo afirmou que revisará os tratados de livre comércio com os Estados Unidos e Centro-américa e disse que fará respeitar o nome de seu país “manchado” por estar nas listas de paraísos fiscais. Mas foi vago. “Gostemos ou não gostemos, o TLC é um tratado que os panamenhos têm que respeitar. Porém, sabemos que existem cláusulas dentro do tratado que nos permitem fazer um pedido de revisão”, assinalou, esclarecendo que seriam cautelosos porque os Estados Unidos são seu principal sócio.
Embora a administração do canal significa para o Panamá seis bilhões de dólares anuais, nada foi investido na produção durante o governo do neoliberal Varela e a economia do país iniciou uma linha descendente a partir de 2015.
O novo presidente também se mostrou partidário de revisar acordos comerciais com países centro-americanos argumentado que os produtores panamenhos estão insatisfeitos com o fato de que as importações feitas a partir dos países vizinhos tomam o lugar de seus produtos.
Os tratados assinados em 1977 pelo então presidente Omar Torrijos e por Jimmy Carter garantiram a devolução ao Panamá do canal e a saída em 31 de dezembro de 1999 de milhares de soldados norte-americanos das 14 bases militares, incluindo a famigerada Escola das Américas (onde, entre outras barbaridades, se realizavam treinamentos de torturadores a serviço de ditaduras implantadas com apoio dos EUA na região) então situada no país latino-americano. Porém, apesar de que administra o Canal de Panamá desde 2000, a economia do país continua vulnerável e os problemas sociais só aumentaram com o passar do tempo.
O presidente que está saindo, Juan Carlos Varela (2014-2019), prometeu reformas e vários projetos que nunca saíram do papel, mas anunciou um estreitamento de relações com República Popular da China para se integrar no projeto da Rota da Seda. O istmo seria o centro da conexão entre América latina e China. Mas os planos se cortaram repentinamente depois da visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que ordenou desacelerar as negociações de Panamá com Pequim. O PRD declarou que pretende retomar o projeto.