O presidente interino do Peru, o direitista José Jerí, declarou estado de emergência na capital, Lima, e na província de Callao, pelo período de 30 dias, em resposta aos protestos, que já duram semanas, contra a reforma da previdência, a corrupção e a alta da criminalidade, com notável presença dos jovens da assim chamada Geração Z, os nascidos entre 1995 e 2010, nas ruas.
Jerí está há menos de duas semanas no lugar da impichada Dina Boluarte, afastada pelo congresso por “incapacidade moral permanente” faltando nove meses para completar o mandato. As eleições estão marcadas para abril do próximo ano.
Aprovado pelo Conselho de Ministros, o estado de emergência entrou em vigor à meia-noite de quarta-feira (22) e afeta pelo menos 10 milhões de pessoas mas não inclui toque de recolher. Jerí é o sétimo presidente peruano desde 2016.
A iníqua reforma da previdência torna obrigatória a adesão de todos os peruanos maiores de 18 anos a um provedor de pensão, a maioria privados, o que foi duramente criticado por trabalhadores e estudantes.
A aprovação em agosto, pelo Congresso controlado pela extrema-direita e neoliberais, de uma anistia para os verdugos da ditadura fujimorista é outra razão de descontentamento.
Há também uma onda de extorsão aos pequenos negócios e ao setor de transporte, em que 47 motoristas foram assassinados desde janeiro, levando a greves de repúdio e exigência de ação contra o banditismo.
No último dia 15, a morte do rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, durante manifestação diante do Congresso, atingido por um disparo feito por um policial, gerou uma comoção nacional e reacendeu a indignação.
Eram milhares de pessoas na Plaza San Martín enfrentando policiais e fechando avenidas. Outras 100 pessoas ficaram feridas – entre elas, 20 jornalistas, além de dez prisões. Neste sábado (25), está convocada nova manifestação.
FORA JERÍ
Manifestantes já pedem a renúncia de Jerí e a formação de um governo de transição, que garanta eleições limpas e a transferência do poder político, bem como a convocação de uma assembleia constituinte para redigir uma nova Constituição.
O estado de emergência restringe direitos constitucionais como liberdade e segurança pessoal, inviolabilidade de domicílio, liberdade de reunião e de deslocamento. Atividades públicas coletivas só com permissão prévia das autoridades.
Entre as medidas tomadas estão operações de fiscalização de documentos de pessoas e veículos, abertura forçada de imóveis, confisco de armas e munições, além do controle migratório de estrangeiros. Também foi proibido até o trânsito de duas pessoas adultas em uma mesma moto.











