“A União Europeia está fazendo um esforço total para manter o JCPOA (o acordo nuclear, oficialmente conhecido como Plano de Ação Integral Conjunto)”, afirmou o ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, em sua visita ao Irã, quando foi recebido pelo presidente Hassan Rouhani, em Teerã, nesta segunda-feira.
Os dois reiteraram o compromisso em manter vivo o acordo nuclear assinado, em 2015, pelo país do Oriente Médio junto a mais sete partes (China, União Europeia, Rússia, França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos).
“Esperamos que a Europa resista e resista ao terrorismo econômico dos Estados Unidos contra a nação iraniana e cumpra suas obrigações de acordo com o JCPOA”, declarou Rouhani ao principal diplomata alemão.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, o principal objetivo da visita era salvar o JCPOA, após Trump ter determinado a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo em maio do ano passado. Contrários a esta linha de confrontação, além dos alemães, franceses e ingleses também sustentam que o pacto nuclear é a melhor maneira de limitar o enriquecimento de urânio pelo país asiático, e chegar a um acordo sobre outras questões relativas à segurança regional.
Para remover as sanções impostas ao país, o governo iraniano concordou em colocar limites a seu programa nuclear. “Acreditamos que ainda há uma oportunidade para salvar este acordo e a União Europeia pode desempenhar um papel positivo a este respeito”, ponderou o líder iraniano.
Hassan Rouhani denunciou que os EUA estão avançando com sua política de terrorismo econômico através de “sanções cruéis”, enfatizando que “acreditamos, em particular, que devemos nos posicionar contra aqueles que impedem o acesso de pessoas a remédios e alimentos”.
“A guerra que os EUA travaram contra o Irã desde um ano atrás não servirá aos interesses de ninguém e a nação iraniana provou durante este período que resistirá à pressão e ao bullying”, acrescentou.
Por sua parte o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, lembrou que a guerra e as conversações – com ou sem precondições – nunca vão andar juntas. O diplomata iraniano postou um vídeo mostrando um “garotinho cuja mãe de coração partido não pode obter pernas protéticas enquanto ele cresce” e enfatizou que civis inocentes são alvo de sanções e terrorismo econômico aplicados pelos EUA.
Rouhani apontou os esforços do Irã para restaurar a estabilidade na região e combater o terrorismo, particularmente no Afeganistão, Iraque e Síria, frisando que seu país sempre desempenhou um papel “influente e positivo” na promoção da estabilidade e segurança regionais.
“No ano passado, apesar das posições políticas relativamente apropriadas [adotadas pelos países europeus], não testemunhamos nenhuma medida prática séria tomada pelos europeus, e agora devemos tomar uma decisão e agir de uma forma que nos beneficie, você e todos os países e a região”, declarou o presidente iraniano.
Quanto às alegações de que o Irã pretende fabricar armas nucleares, Hassan Rouhani citou 15 relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) verificando sua conformidade com o Acordo de Salvaguardas e um fatwa (decreto religioso) do líder da Revolução Islâmica, Ayatollah Khamenei, proibindo a produção de armas nucleares.
De sua parte, o chanceler alemão se manifestou preocupado com o aumento das tensões na região, dizendo que os países da UE, incluindo o seu, estão empenhados em contribuir para o alívio do clima de hostilidades e não pouparão esforços nesse sentido.
Heiko Maas condenou os EUA por abandonarem o acordo nuclear e declarou que o seu país não concorda com muitas das políticas adotadas por Trump. “Qualquer pessoa familiarizada com a história do Irã saberá que a estratégia de máxima pressão sobre a nação iraniana nunca dará frutos e, por essa razão, a União Europeia está fazendo um esforço total para manter o JCPOA”, sublinhou o ministro alemão.
Ampliando a frente contra a política de Trump, nesta quarta-feira o premiê japonês, Shinzo Abe, inicia uma visita oficial ao Irã, podendo reavivar as relações históricas mantidas com o país e retomar a importação petrolífera.