O general Amaro dos Santos foi chefe do Estado-Maior do Exército e comandante militar do Sudeste. Com a decisão, Lula optou por manter o GSI com os militares
O presidente Lula definiu o nome do general Marcos Antônio Amaro dos Santos para assumir o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A decisão foi tomada em encontro nesta quarta-feira (3) com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o próprio general Amaro.
Com o anúncio, Lula põe fim a uma discussão que vinha ocorrendo dentro do governo sobre a configuração do GSI. Lula decidiu manter a estrutura formada e dirigida por militares. “As Forças Armadas estão pacificadas”, afirmou Múcio. “Não é hora de mudar o comando”, completou ele, numa referência ao GSI.
Em março, Lula tirou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) da alçada do GSI e a transferiu para a Casa Civil. Desde que Lula assumiu a Presidência, havia a desconfiança de que uma “Abin paralela”, a serviço de Bolsonaro, atuava no Planalto.
Na gestão de Jair Bolsonaro, o general Amaro dos Santos foi chefe do Estado-Maior do Exército e comandante militar do Sudeste. O general chefiou a Casa Militar no segundo mandato de Dilma Rousseff, interrompido pelo impeachment, e vai substituir o general Gonçalves Dias, que saiu no dia 20, na esteira da divulgação de imagens do do 8 de janeiro.
O Gonçalves Dias pediu demissão no dia 19 de abril, após vídeo do circuito de segurança do Palácio do Planalto mostrar que em 8 de janeiro ele circulou pelo terceiro andar do prédio, onde está o gabinete de Lula. A imagem editada mostrava cenas em que ele parecia não repreender os invasores golpistas. Com as imagens sem edição, reveladas posteriormente, ficou claro que o general era inocente.
O ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, que já havia sido interventor federal na Segurança Pública do DF, foi o substituto de Gonçalves Dias e fez uma verdadeira limpa no órgão. A última leva demitiu mais 58 servidores da pasta. Ao todo, 87 funcionários do GSI indicados pelo general Augusto Heleno, bolsonarista de primeira hora, foram dispensados depois dos atos antidemocráticos.
O general Amaro é do interior de São Paulo. Ele ingressou no Exército em 1974, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, onde concluiu o curso dois anos depois. Em 1977, iniciou uma formação na Academia Militar das Agulhas Negras, quando foi declarado aspirante a oficial da Arma de Artilharia, em 1980.
Realizou MBA em Excelência Gerencial com ênfase em Gestão Pública, pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e especialização em Administração, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também fez cursos de política, estratégia, alta administração do Exército e estudos básicos de paraquedismo e observador aéreo. Nos Estados Unidos, estudou Busca de Alvos e Artilharia.
Durante a sua trajetória, comandou a Divisão de Exército, a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, de 2004 a 2005, e a Divisão de Inteligência do Centro de Inteligência do Exército, de 2007 a 2010. Em 2018, chefiou a Secretaria de Economia e Finanças do Exército Brasileiro.
Amaro também ocupou o cargo de adjunto da Casa Militar da Presidência da República no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e do Gabinete de Segurança Institucional do Planalto. Também foi Adido Militar na Embaixada do Brasil no Suriname.