
“A posse presidencial de Gustavo Petro marca uma nova história para a Colômbia porque não é apenas a posse de um presidente, é a posse de colombianos”, disse a coordenadora de comunicação do evento, Marisol Rojas.
Gustavo Petro e Francia Márquez assumem o governo da Colômbia, neste domingo (7) às 17 horas, na presença de importantes personalidades de todo o mundo e milhares de colombianos que chegam de diferentes regiões do país à Plaza de Bolívar, no centro da capital Bogotá.
O economista de 62 anos e ex-prefeito de Bogotá será o próximo ocupante da Casa de Nariño (sede do governo colombiano) até 2026 após sua vitória na votação de 19 de junho, na qual prevaleceu sua ampla coalizão Pacto Histórico, formada por Colômbia Humana, União Patriótica-Partido Comunista, Pólo Democrático Alternativo, Movimento Alternativo Indígena e Social, Partido Trabalhista da Colômbia, Unidade Democrática e Somos todos Colômbia, com 50,47% dos votos contra o reacionário candidato Rodolfo Hernández.
Ao lado da vice-presidente Francia, destacada liderança social, ambientalista e afro-colombiana, Petro enfrenta inúmeros desafios que envolvem alcançar a paz em um país onde a guerra, os falsos positivos, os sequestros, o narcotráfico, a exploração mineira ilegal, a desapropriação de terras e o paramilitarismo impuseram a cultura da morte.
“A partir de hoje a Colômbia muda. É outra. Não é uma mudança para se vingar ou criar mais ódio”, afirmou Petro em seu primeiro discurso após ser eleito por mais de 11 milhões de conterrâneos.
Ele sucederá o governo do presidente Iván Duque (com quase 70% de reprovação), que foi marcado pelo descumprimento dos Acordos de Paz de 2016, o fracasso de sua reforma tributária e as críticas à sua gestão assumidas na Greve Nacional nascida em 2019 e que se estendeu com sucessivos protestos até 2021, contra os quais a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) confirmou o uso desproporcional da força, desaparecimentos, entre outros crimes.
Logo depois da divulgação do resultado eleitoral, o novo presidente disse que “a paz é o governo da vida”, que é importante que se recorde que o clima construído no país ao longo das últimas décadas foi de “ódio e confrontação, de morte, perseguição e isolamento, e não podemos seguir assim”. “O governo que se inicia poderá até vir a ter uma oposição tenaz, mas asseguro que ela jamais sofrerá perseguição. O que haverá é diálogo para esse grande acordo nacional que já começou a ser construído entre os 11 milhões de eleitores no Pacto, mas tem que ser entre os 50 milhões de colombianos e colombianas, entre toda a sociedade”, declarou o dirigente.
A ampliação das alianças também aconteceu no Congresso, onde Petro conseguiu a maioria graças a um Grande Acordo Nacional com partidos de centro, entre eles o Liberal. O Pacto Histórico deve manter a presidência de ambas as câmaras – que serão lideradas por David Racero e Roy Barreras – pelo menos até o final de 2022, assinala o jornal Semana.
Esta será também uma Assembleia Legislativa com quase dois terços de novos deputados, o que aumentou a participação das mulheres (ainda com escassos 28,5%) e que pela primeira vez incluirá representantes eleitos pelas Circunscrições Especiais Transitórias nascidas dos Acordos de Paz, a partir de 2016.
O Congresso, que começou a funcionar oficialmente em julho, está se preparando para tratar dos cinco principais projetos que o Petro anunciou que vai promover em 2022: reforma política, reforma tributária, reforma rural, criação de ministérios e elaboração de seu Plano de Desenvolvimento, como fixa a Constituição para que os governos adaptem suas promessas de campanha a um plano específico.
Petro tem vários convidados de honra, gente humilde da cidade como uma varredora, um pescador, um cafeicultor e um violinista. A guarda indígena cuidará de todos, e muitas manifestações culturais tomarão conta das ruas e espaços públicos ao redor da Plaza de Bolívar, palco da transferência de comando.
“A posse presidencial de Gustavo Petro marca uma nova história para a Colômbia porque não é a posse de um presidente, é a posse de colombianos”, disse a coordenadora de comunicação do evento, Marisol Rojas.
Balé e música clássica, o Carnaval de Negros e Brancos, o Movimento de Música Andina e Comunitária da Colômbia, shows musicais, artes plásticas, circo, entre outros, transformarão um ato político tradicional em uma festa popular.
Segundo fontes locais, a cerimônia de posse contará com a presença dos presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luis Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile); Rodrigo Chavez (Costa Rica); Guillermo Lasso (Equador); Xiomara Castro (Honduras); Laurentino Cortizo (Panamá); Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Luis Abinader (República Dominicana). Segundo informações divulgadas na imprensa, o ministro de Relações Exteriores Carlos França representará o Brasil na solenidade de posse.