Em recente foto, tirada durante a Copa na Rússia e publicada em alguns blogs lulistas, aparecem duas senhoras com uma faixa em que estão escritas (em letras, digamos assim, garrafais) as palavras “Free Lula”.
Entre a palavra “free” e a palavra “Lula”, em letras menores, está a expressão “political prisoner”.
Além da indiferença total das demais pessoas que aparecem na foto, o que chama atenção é a necessidade de afirmar que Lula é um “preso político”.
Essa necessidade vai ao ponto de aparecer – na mesma faixa – a foto não do Lula atual, mas do Lula de 38 anos atrás, quando foi preso, com outros líderes sindicais, pela ditadura.
Por que essa necessidade de afirmar – e repetir – que Lula é um “preso político”?
Será tão difícil, assim, para as pessoas, reconhecer quando alguém é um preso político?
Quem não sabe o que é um preso político?
Em 1980, quando Lula foi preso pela ditadura, ninguém se lembrou de afirmar reiterativamente que ele era um preso político. Porque, naquela época, ele era, realmente, ainda que por pouco tempo, um preso político.
Já agora, depois de seu apodrecimento na corrupção, ele é, apenas, como já dissemos aqui no HP, um político preso, um sujeito que usou a política para roubar.
Portanto, é para ocultar essa condição que seus adeptos repetem que ele é um “preso político”.
Tudo em Lula – e, de resto, no PT e nos lulistas – tornou-se mentira, encenação, fraude, não importa se estão conscientes disso, ou se são vítimas de uma trapaça, pois os fatos são tão públicos, que somente se engana quem quer se deixar enganar.
Em recente vídeo, ele se compara a Tiradentes, e, em carta ao Jornal do Brasil, diz: “Esse ataque [à soberania do Brasil] vem acontecendo desde o início do governo golpista, quando aprovaram a chamada Lei Serra, que excluiu a participação obrigatória da Petrobras em todos os campos do pré-sal”.
Lula esqueceu que a Lei Serra foi aprovada em fevereiro de 2016, no governo Dilma, com apoio explícito do Palácio do Planalto (especialmente da presidenta e de seu ministro da Casa Civil, Jaques Wagner), que passou por cima de seus aliados, a começar pelo senador Roberto Requião, para aprovar a proposta do PSDB e do DEM.
Sem o apoio de Dilma, como disse, na época, o senador Requião, a Lei Serra não teria passado (para uma excelente abordagem, escrita logo em seguida a essa vergonha, v. Depois do entreguismo subterrâneo do Pré-sal, só resta a terceira via).
Lula esqueceu, também, que ele próprio apoiou Dilma nessa questão, quando um correligionário – e um dos mais importantes, pois ocupava, então, a presidência da CUT – propôs a ele o rompimento com o governo, telefonema que foi gravado pela Polícia Federal (PF).
Mas não se trata de um “esquecimento” devido à idade. Nem mesmo se trata de um lapso, até porque seria difícil esquecer uma coisa dessas.
A questão é que a verdade deixou de ter qualquer significado para Lula.
O que importa, pelo contrário, é esconder a verdade.
Por exemplo, a comparação com Tiradentes não é apenas um insulto a um herói. Lula, depois do ataque ao dinheiro da Petrobrás – e de seu apoio à entrega do maior campo de petróleo do mundo, o de Libra, no pré-sal, às multinacionais – está muito mais próximo de Silvério dos Reis que de Tiradentes. Assim o insulto está, precisamente, em tentar esconder sua traição, comparando-se com Tiradentes.
Em resumo, o que importa é manipular, ou tentar manipular, o eleitorado – o povo – para conseguir dividendos corruptos, políticos e monetários.
É verdade que, cada vez mais, ele consegue menos esse objetivo. Sua forjada imagem está em franco processo de esfrangalhamento. Simplesmente, porque é mentirosa – e, ao contrário do que acreditava Goebbels, ou do que acredita Lula, a mentira não se torna verdade quando é muito repetida. Apenas, se torna uma mentira muito repetida. E cada vez mais insustentável.
Na sua carta ao JB, a palavra “golpe” ou “golpista” aparece seis vezes.
Entretanto, foi Lula o genial arquiteto da aliança com Temer, Cunha, Geddel, Moreira Franco e Padilha – conseguida, evidentemente, à custa de roubar a Petrobrás e os fundos de aposentadoria das estatais. De que outro modo poderia ser?
O que Lula e seus sequazes chamam de golpe foi um julgamento presidido por um notório petista, Ricardo Lewandowski, na época, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) – por consequência constitucional, presidente do tribunal, constituído pelo Senado, que julgou Dilma e aprovou seu impeachment.
Então, que golpe foi esse, presidido por um petista, contra uma presidenta petista, em um tribunal constituído por indivíduos que, alguns meses antes, apoiaram, em sua maioria, a reeleição de Dilma – e dentro das regras constitucionais?
Lula & cia. querem igualar o impeachment de Dilma – realizado dentro das normas constitucionais e votado por um Congresso que apoiara a candidata do PT – ao golpe de Estado de 1964, em que a Constituição foi rasgada, os patriotas e democratas foram perseguidos e o presidente eleito constitucionalmente foi deposto, contra todas as leis e contra o povo, que apoiava Jango e as reformas de base que ele pretendia empreender.
Naturalmente, comparar Dilma com João Goulart é o mesmo que comparar Caifás com Jesus Cristo.
Quem, em 2016, apoiava Dilma e a política econômica de destruição do país, implementada depois de sua reeleição?
Apenas alguns bancos, aos quais Dilma pediu publicamente que indicassem o ministro da Fazenda – o notório Joaquim Levy, um ex-funcionário do FMI (a política de Nelson Barbosa, que substituiu Levy em dezembro de 2015, em nada mudou, na essência, a política econômica, em um momento no qual o país já afundara na recessão).
Em suma, o que essa fraude lulista do “golpe” tenta esconder – e não consegue – é que a queda de Dilma foi consequência do maior e pior estelionato eleitoral da História do Brasil.
A campanha eleitoral de Dilma, em 2014, como registramos na época, foi a mais suja que já houve no país. Nunca houve tanta mentira em uma campanha eleitoral a presidente da República, tanta difamação, tanta falta de escrúpulos (v., p. ex., HP 24-25/09/2014, Campanha suja de Dilma atesta a falência moral de seu governo; nessa época, como o leitor pode perceber, ainda subestimávamos o papel de Lula nessa lavagem nazista; compreende-se: ele se escondia atrás de Dilma, algo que não pode mais fazer atualmente).
Três dias após a eleição, Dilma e o PT desmentiram tudo o que haviam falado durante meses. O que escrevemos na época – antes, inclusive, de que ela nomeasse Levy para a Fazenda – foi, exatamente, o que aconteceu: “seu único projeto é, resumidamente, o de governar para a camada de rentistas – os maiores, inclusive, estrangeiros e fora do país – e dizer que está governando para a maioria – ou seja, para o povo” (v. HP 31/10/2014, Dilma agradece apoio dos otários e volta a elevar a taxa de juros).
É isso – e sua própria corrupção – o que Lula quer esconder, com a fraude do “golpe”.
MAIS MENTIRAS
Em uma entrevista ao jornal cubano “Granma”, na qual frei Beto serviu de intermediário, Lula diz que está sofrendo, no Brasil, “um processo político, uma prisão política. O processo contra mim não aponta um crime, nem há provas. Eles tiveram que desrespeitar a Constituição para me prender”.
Isso é, apenas e tão somente, mentira.
Lula está preso por roubo de dinheiro do povo, por receber propinas de uma grande empreiteira – sob a forma de um triplex, muito bem aparelhado e mobiliado, à beira de uma badalada praia.
Até mesmo fotografias de Lula, com o presidente da empreiteira, vistoriando as obras do triplex, foram tiradas e constam do processo.
Não houve desrespeito algum à Constituição – o que foi confirmado, mais de uma vez, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é quem, no Brasil, tem a palavra final nessas questões.
Naturalmente, Lula pretende que a Constituição lhe concede impunidade. Infelizmente, para ele, não é verdade.
Em uma das votações no STF, até os representantes do PT no Tribunal, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli – este, ex-advogado de Lula e do PT durante muitos anos – votaram pela manutenção da prisão de Lula (v. STF rejeita por unanimidade recurso da defesa de Lula).
Além disso, o relator de seu processo – e dos processos oriundos da Operação Lava Jato –, ministro Luiz Edson Fachin, apoiou publicamente o PT nas eleições.
Logo, se ele não conseguiu se livrar nem do processo, nem da prisão, apesar de contar com todas essas credenciais, é porque o crime é tão evidente, tão escandaloso, que tornou-se impossível qualquer outro destino para o caso.
Abaixo, listamos quatro matérias que resumem as provas contra Lula – e uma quinta que caracteriza a atitude de Lula e de seus apoiadores.
Porém, se o leitor preferir ler o original, onde essas provas são descritas e relatadas em detalhe, pode consultar:
1) A denúncia do Ministério Público.
2) A sentença do juiz de primeira instância, Sérgio Moro.
3) O relatório da segunda instância (TRF-4).
4) O voto do relator do processo na segunda instância.
5) O voto do revisor do processo na segunda instância.
Todos esses documentos são referentes apenas ao caso do triplex. Há outros quatro processos em que Lula é réu. Todos, por roubo de dinheiro público.
O SONO
Em outro ponto de sua entrevista ao “Granma”, diz Lula que “duvido que todos os que mentiram contra mim durmam com a tranquilidade com que durmo”.
Quem são esses que mentiram contra Lula?
Aqueles que já devolveram mais de R$ 4 bilhões do que roubaram?
Ou aqueles que roubaram R$ 42 bilhões – segundo estimativa da PF -, mas ainda não devolveram?
Ou será o seu ministro favorito, Antonio Palocci, que confessou o roubo – inclusive, que operava para Lula?
Sobre Palocci e Lula, o caso da Sete Brasil é, digamos assim, exemplar – um exemplo de roubo e traição ao país.
Em dezembro de 2010, essa empresa – totalmente e apenas financeira – foi criada para contratar a fabricação de sondas para a Petrobrás e depois alugá-las à própria Petrobrás.
Que necessidade tinha a Petrobrás de ter uma empresa, que não lhe pertencia (o estatuto da Sete Brasil proibia que a Petrobrás tivesse mais que 10% de suas ações), intermediando a fabricação de sondas, com dinheiro público, para depois alugá-las a ela mesma?
Nenhuma, exceto a necessidade do PT – especialmente de Lula – de receber propinas cada vez maiores.
A ideia veio do esquema do PT dentro da Petrobrás, basicamente do sr. Renato Duque, hoje recolhido à cadeia, em Curitiba.
Assim, em 2011, foram assinados contratos, no valor total de US$ 82 bilhões (oitenta e dois bilhões de dólares), para a construção de 29 sondas (cf. Sete Brasil – Relatório da Administração 2012).
Os estaleiros contratados – com exceção de dois estrangeiros – eram de propriedade das mesmas empreiteiras que já assaltavam a Petrobrás, através de sobrepreços e superfaturamentos, e que passavam propinas para o PT e seus então satélites, o PMDB e o PP.
A Sete Brasil não entregou sonda alguma. Enquanto isso, às custas da Petrobrás, foram pagas propinas no valor de US$ 10 milhões, 219 mil, 691 dólares e 8 cents (v. denúncia do MPF e sentença na 13ª Vara Federal de Curitiba).
Quem era o operador-mor dessa propinagem de 10 milhões de dólares, que, inclusive, ajeitou o edital de licitação?
O operador de Lula, Antonio Palocci.
O modo como esse negócio foi decidido, Palocci confessou publicamente, em sua carta de desfiliação do PT:
“Um dia, Dilma e Gabrielli [então presidente da Petrobrás] dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história.”
Ninguém disse – nem Lula – que essa reunião não existiu.
Porém, há mais, no capítulo Palocci.
No outro processo em que ele e Lula estão juntos – as propinas da Odebrecht no caso conhecido como “terreno do Instituto Lula”/”apartamento vizinho ao de Lula” – o total de propinas foi de R$ 75.434.399,44 (setenta e cinco milhões, 434 mil, 399 reais e 44 centavos).
Mas, é verdade, esse caso ainda não foi julgado (cf. a denúncia dos procuradores).
Se Lula dorme tranquilo depois disso, é, simplesmente, porque perdeu o sentido moral da existência.
EM PARIS
No último dia 17 de maio, o “Le Monde” – que hoje é uma aberração reacionária que faz o antigo jornal gaullista parecer um órgão jacobino – publicou um artigo de Lula (cf. Lula: “Pourquoi je veux à nouveau être président du Brésil”).
Nesse artigo, diz Lula que “tiramos 36 milhões de pessoas da miséria extrema e levamos mais de 40 milhões para a classe média”.
Convenhamos que, se ele tivesse realmente feito isso, estaria hoje substituindo o próprio Jesus Cristo nos altares das igrejas e nas paredes dos lares das pessoas do povo.
Somente faltaria explicar porque, em seu governo, os presos passaram de 239 mil e 345 pessoas (2002) para 496 mil e 251 mil pessoas (2010).
Ou seja, o número de presos mais que dobrou, aumentando em 256 mil e 906 pessoas durante o governo Lula – ou seja, +107%.
Mas, se ele estiver se referindo aos governos do PT, então o aumento, até junho de 2016, foi de +487 mil e 367 pessoas presas – ou seja, +204%.
Em relação à população, os presos passaram de 137,1 por 100 mil habitantes para 260,2 por 100 mil habitantes (2010) e para 352,6 por 100 mil habitantes (junho de 2016).
O que quer dizer que, durante os governos do PT, passamos a ter a terceira maior população carcerária do mundo, somente superada pela dos EUA, onde basta ser pobre para ser candidato à prisão, e pela da China, que tem uma população sete vezes maior que a nossa.
Todos esses dados estão no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen – do Ministério da Justiça.
Então, como é que pode?
Diz Lula que os governos do PT retiraram 36 milhões de pessoas da miséria extrema, levaram 40 milhões para a classe média – e os presos (quase todos pobres, negros e jovens) triplicaram durante esses governos.
Talvez o problema seja a maldade humana, que deve ser intrínseca, independente da vida social… Ou, talvez, essas centenas de milhares de pessoas deixaram-se prender somente para esculhambar com o Lula. Com certeza, foram pagos pelo Moro…
Mas, vamos falar sério.
É óbvio que Lula nem Dilma retiraram 36 milhões da miséria extrema, nem levaram 40 milhões para a classe média.
Primeiro, não existiam 36 milhões em “miséria extrema” quando Lula tomou posse na Presidência. Eram 14,9 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, se seguirmos o critério do próprio governo do PT (cf. um documento altamente favorável ao governo Dilma: “Duas décadas de desigualdade e pobreza no Brasil medidas pela Pnad/IBGE”, IPEA, 2013).
Podemos discordar do critério do governo do PT para identificar a miséria – e nós discordamos, pois ele serve para subestimar a miséria após os governos Lula e Dilma.
Porém, o que não se pode, é usar um critério diferente do estabelecido pelo PT quando ele não favorece ao PT.
Esses 36 milhões são exatamente isso: como a linha da miséria (R$ 70), decretada pelo seu governo, apontava a existência de 14,9 milhões de miseráveis ao fim do governo Fernando Henrique Cardoso, Dilma abandonou o que ela mesmo decretara, e, no pronunciamento pela TV sobre a Copa do Mundo de 2014, chutou esses 36 milhões, que eram, na verdade, o total de cadastrados no Bolsa-família.
A história da linha da miséria conta o resto da história (que nos desculpem os leitores a expressão algo desajeitada).
Em 2011, a linha da miséria, considerada em todos os estudos, internacionalmente, estava em R$ 140 per capita. Ao lançar um programa de nome “Brasil Sem Miséria”, o governo Dilma rebaixou essa linha para metade (R$ 70 per capita)
Assim, foram retirados milhões da miséria, do mesmo modo que a ditadura extinguiu a lepra – mudando seu nome para hanseníase.
Do mesmo modo, os 40 milhões que foram para a classe média.
O PT e seus aliados – a ideia veio do tucano Marcelo Nery e do peemedebista Moreira Franco, ambos ministros de Dilma – inventaram uma nova classe, a pujante “nova classe média”, que habitava as favelas.
Nas palavras de Moreira Franco: “o início da classe média se daria quando uma família alcançasse uma renda per capita de R$ 291, com a classe alta iniciando-se quando a renda familiar per capita alcança R$ 1.019” (Valor Econômico, 09/07/2012).
Dilma adorou a ideia de uma “classe média” com R$ 291 de renda per capita. E uma “classe alta” com R$ 1.019 de renda per capita familiar.
Segundo Moreira Franco, na época, a maioria da população do Brasil tornara-se “classe média”. Os pobres, portanto, teriam deixado de existir.
E Lula continua repetindo essa vigarice – uma vigarice, aliás, estúpida – até hoje. É verdade que para francês ver.
Há mais, leitores. Mas, por hoje, já basta de Lula e seus sequazes.
CARLOS LOPES
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