IPCA-15 foi de 0,69% no mês e acumula alta de 12,04%. Maior influência na taxa foi plano de saúde, que teve aumento de 15,5% autorizado pelo governo Bolsonaro, a maior alta anual desde 2000
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, registrou avanço de 0,69% em junho, acima da taxa de 0,59% observada em maio, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 12,04%.
De acordo com o IBGE, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta em junho. Os maiores impactos para o mês vieram dos grupos Saúde e cuidados pessoais, que apresentaram altas de 1,27% e 0,84%, respectivamente.
Em Saúde e cuidados pessoais, o item que mais pesou no mês foi plano de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 ponto percentual do IPCA-15 de junho. Em 26 de maio, o governo Bolsonaro, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), autorizou aumento de até 15,50% nos planos de saúde individuais e familiares, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023. Esse foi o maior reajuste da série histórica iniciada em 2000. Neste grupo, ainda, influenciou também a alta de 1,38% nos produtos farmacêuticos, com impacto de 0,05 p.p. no índice do mês.
O grupo Transportes teve o maior impacto (0,19 p.p.) no índice geral, apesar da desaceleração da taxa do grupo que ocorreu em função da queda de 0,55% nos preços dos combustíveis, que haviam subido 2,05% em maio. Neste período, o óleo diesel apresentou alta de 2,83%, enquanto o preço do etanol recuou 4,41% e da gasolina caiu 0,27% no período. A coleta de preços para o cálculo do IPCA-15 se deu entre os dias 14 de maio e 13 de junho, ou seja, antes dos últimos aumentos nos preços da gasolina (5,18%) e diesel (14,26%) anunciados pela Petrobrás, com o aval do governo, e em vigor desde 18 de junho para as refinarias da estatal.
No entanto, com o governo seguindo a prática de atrelar os preços internos dos combustíveis à cotação do dólar e aos preços do barril de petróleo no mercado internacional, em doze meses, o preço do óleo diesel acumula alta de 51,04% para os consumidores. A gasolina e o etanol subiram 27,36% e 21,21%, respectivamente, no mesmo intervalo de tempo.
No geral, os preços dos combustíveis avançaram 27,44% nos doze meses até junho, pelo IPCA-15. Quando os preços internos dos combustíveis sobem acompanhando as práticas do mercado internacional – leia-se especulações das commodities pelo capital estrangerio -, os alimentos e demais serviços no Brasil que dependem do transporte ficam mais caros para os brasileiros que recebem em real.
Com mais esse choque de alta nos preços dos combustíveis, a inflação já generalizada dos preços deve disparar ainda mais no próximo período, prejudicando a população, principalmente a mais carente deste país, que já se encontra em dificuldades em meio ao alto desemprego e a queda vertiginosa da renda. São 33,1 milhões de pessoas que não têm o que comer diariamente no Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Em 2018, a população em situação de fome era de 10,3 milhões. Ao todo, o Brasil registra 125 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar.
Resultados de junho para cada um dos grupos de produtos e serviços:
Alimentação e bebidas: 0,25%
Habitação: 0,66%
Artigos de residência: 0,94%
Vestuário: 1,77%
Transportes: 0,84%
Saúde e cuidados pessoais: 1,27%
Despesas pessoais: 0,54%
Educação: 0,07%
Comunicação: 0,36%