
IPCA-15 é de 0,64%, abaixo da taxa registrada em fevereiro (1,23%)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial no Brasil, apresentou alta de 0,64% em março, uma desaceleração em relação a taxa de 1,23% registrada em fevereiro. O recuo no índice de 0,59 ponto percentual (p.p) entre os dois meses retrata o arrefecimento na intensidade do aumento dos preços no Brasil, embora a pressão sobre itens essenciais como alimentação (1,09%) e transportes (0,92%) continue a castigar o orçamento das famílias brasileiras.
No acumulado do ano, o IPCA-15 soma 1,99%, enquanto em 12 meses a alta chega a 5,26%. Em março de 2024, o IPCA-15 foi de 0,36%.
Na prévia da inflação de março, os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram altas. Porém, a alimentação (1,09%) e transportes (0,92%) foram os principais responsáveis pelo resultado do índice geral, respondendo juntos por cerca de dois terços do índice geral.
A inflação de alimentos foi puxada pelo aumento dos preços da alimentação no domicílio (1,25%), que foi pressionada para o alto por produtos como ovo de galinha (19,44%), tomate (12,57%), café moído (8,53%) e frutas (1,96%).
A alimentação fora do domicílio (0,66%) também acelerou em relação ao mês de fevereiro (0,56%), em virtude dos aumentos observados em refeições (0,62%) e lanches (0,68%).
Em Transportes, o impacto veio principalmente dos combustíveis, que subiram 1,88% no mês, com destaque para as altas do óleo diesel (2,77%), o etanol (2,17%), a gasolina (1,83%) e o gás veicular (0,08%).
Além disso, reajustes tarifários pressionaram os preços do transporte público: as passagens de trem aumentaram 1,90% no Rio de Janeiro após um reajuste de 7,04%, enquanto o ônibus intermunicipal teve alta média de 14% em Porto Alegre.
Já no grupo Habitação, houve desaceleração, com a variação caindo de 4,34% em fevereiro para 0,37% em março. O resultado foi influenciado pelo comportamento da energia elétrica residencial, que registrou aumento após o fim dos descontos nas contas de luz relativos ao bônus de Itaipu, em janeiro deste ano.
Outro impacto importante veio das Despesas Pessoais, que subiu 0,81%), por conta da alta de 7,42% nos preços de cinema, teatro e concertos.
IPCA-15 de março, por nove grupos pesquisados:
- Alimentação e bebidas: 1,09%;
- Habitação: 0,37%;
- Artigos de residência: 0,03%;
- Vestuário: 0,28%;
- Transportes: 0,92%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,35%;
- Despesas pessoais: 0,81%;
- Educação: 0,07%;
- Comunicação: 0,32%.
A inflação no Brasil segue sendo impactada por fatores de clima e a valorização dos preços de commodities agrícolas e energéticas no mercado internacional, além dos reajustes (sempre crescente) de preços administrados. Esses elementos estão além do alcance da política monetária do Banco Central (BC).
No entanto, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC voltou a elevar o nível da taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, de 13,25% para 14,25% ao ano.
Para o colegiado, “o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”, afirma o Copom, em sua ata.
ANTONIO ROSA