A prévia da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,72% em abril, pressionada principalmente pela alta dos preços de alimentos e combustíveis.
Os números do mês foram divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a maior variação para o mês desde 2015 e a mais alta de todos os meses desde junho de 2018.
No ano (2019 até abril), o IPCA acumula alta de 1,91% e, em 12 meses, de 4,71%. Assim, a inflação anual extrapolou a meta central do governo para 2019 – de 4,25%.
O índice também é maior do que o verificado nos 12 meses imediatamente anteriores, de 4,18%.
Os preços do grupo de alimentos e bebidas tiveram participação importante no aumento do IPCA, além de impacto decisivo sobre o poder de compra e as condições de vida da população. Os produtos desse grupo tiveram alta média de 0,92% em abril – o que representa, sobre a inflação medida pelo índice, 0,23 ponto percentual.
Com o desemprego nas alturas e os salários e benefícios arrochados, a inflação de alimentos repercute no desempenho das vendas do comércio varejista, que neste ano permanece 6,6% abaixo do pico registrado em 2014 (dados de fevereiro do IBGE).
Entre os alimentos, o destaque ficou com o tomate, cujo preço médio teve alta de 27,84% em abril. Em 12 meses, o preço chegou a variar 45,91%.
Outros preços que têm pesado sobre a inflação e sobre o consumidor são o da cebola (aumento de 13,44% no mês), da batata (+25,59%), frutas (+3,36%), carnes (+1,55%) e alimentação no domicílio (+1,43%).
Além dos alimentos, que compõem a cesta básica, os preços do grupo de transportes tiveram a maior variação no período (1,31%), exercendo o maior impacto sobre o IPCA-15, de 0,24 ponto percentual.
COMBUSTÍVEL
Individualmente, a gasolina foi o item do grupo com aumento mais expressivo, de 3,22% no mês. O combustível responde sozinho por 0,14% ponto percentual do IPCA de abril. Em 12 meses, a variação foi de 3,91%.
O etanol, por sua vez, teve aumento de 2,74% e o diesel, de 1,06%. Vale lembrar que a aumento dos preços dos combustíveis culminou, no ano passado, na grande paralisação dos caminhoneiros – uma das maiores e mais impactantes greves de trabalhadores dos últimos tempos.
Outras altas foram identificadas nos preços para habitação (+0,36%), artigos de residência (+0,41%), vestuário (+0,57%), saúde e cuidados pessoais (+1,13%), despesas pessoais (+0,12%) e educação (0,06%).
CRISE
Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a expectativa de inflação dos consumidores para os próximos 12 meses passou de 5,1% para 5,3% em abril. Outro índice elaborado pela Fundação, que mede o nível de confiança do consumidor na economia, teve queda de 1,5 ponto de março para abril – o terceiro de queda no ano, passados quatro meses.
“A queda na confiança dos consumidores está relacionada à decepção com a lenta recuperação econômica e a manutenção de níveis elevados de incerteza. Em abril, houve relativa estabilidade do Índice da Situação Atual e queda forte do Índice de Expectativas, influenciada principalmente pelo aumento do pessimismo dos consumidores de menor poder aquisitivo”, afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens da FGV.
Houve redução na intenção de compra de bens duráveis, gastos nos próximos meses e de satisfação com a situação financeira – sobretudo para as famílias de renda mais baixa, de até R$ 2.100.