Prévia da inflação fica dentro da meta em novembro. Não tem desculpa para manter juro real nas alturas

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. (Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Em doze meses, o IPCA-15 atingiu 4,50%. Presidente do BC diz que vai manter Selic em 15%, com os juros reais sufocando produção e emprego e favorecendo o rentismo

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador prévio de inflação, foi de 0,20% em novembro deste ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (26). Em outubro deste ano, o indicador marcou 0,18%. Já em novembro de 2024, a taxa foi de 0,62%.  

O IPCA-15 acumula no ano alta de 4,15% e, nos últimos 12 meses, de 4,50%, sendo este último abaixo dos 4,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Esses resultados sinalizam que a inflação segue controlada no Brasil e colocam o Banco Central (BC) ainda mais contra a parede, pois a direção da autarquia resiste em reduzir os juros no país, sob o pretexto que tem de cumprir a meta de inflação de 3%, que conta com intervalo de tolerância de 1,5 a mais para ser cumprida.  

Ontem (25), o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a defender que os juros devem seguir altos – prejudicando a economia, as empresas produtivas e a criação de empregos de qualidade no país.  Ele argumenta que a autoridade monetária não tem alternativa além de usar a taxa básica de juros (SELIC), hoje nos escorchantes 15%, para trazer a inflação ao centro da meta de 3%. 

“A determinação legal é uma meta de 3%, o instrumento é a taxa de juros, e o Banco Central tem de usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação”, disse Galípolo, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.  

Principais resultados do IPCA-15 de novembro 

Em novembro deste ano, a inflação foi puxada pelo grupo que considera as Despesas Pessoais, que teve no mês a maior variação e o maior impacto, 0,85% e 0,09 p.p., na ordem, sobre o IPCA-15. As Despesas Pessoais subiram, principalmente, pelas altas na hospedagem (4,18%) e no pacote turístico (3,90%). 

Saúde e cuidados pessoais (0,29%) e Transportes (0,22%) tiveram o segundo maior impacto no índice geral (0,04 p.p.).  No caso da Saúde e cuidados pessoais, a alta voltou a ser puxada pelo plano de saúde (0,50%). Em Transportes, a inflação veio na esteira das passagens aéreas, que subiram 11,87% e tiveram o maior impacto individual no índice do mês (0,08 p.p.). 

Na prévia da inflação de novembro os combustíveis tiveram queda (-0,46%), puxada pelas reduções nos preços: etanol (-0,54%), gasolina (-0,48%) e óleo diesel (-0,07%). 

Após cinco meses de queda, o grupo Alimentação e bebidas, de maior peso no índice, subiu 0,09%, ocupando o terceiro lugar em termos de impacto (0,02 p.p.)no IPCA-15. Essa alta foi puxada pela alimentação fora do domicílio (0,68%), que acelerou em relação ao mês anterior (0,19%), com o aumento da refeição (0,56%) e do lanche (0,97%). 

Por outro lado, a alimentação no domicílio permanece no campo negativo, com queda de 0,15% no mês, após recuar 0,10% em outubro. O alívio no bolso do consumidor veio dos preços do leite longa vida (-3,29%), do arroz (-3,10%) e das frutas (-1,60%). No lado das altas, destacam-se a batata inglesa (11,47%), o óleo de soja (4,29%) e as carnes (0,68%). 

Por sua vez, o grupo Habitação desacelerou de 0,16% para 0,09% na passagem de outubro para novembro, com a nova queda nos preços da energia elétrica residencial, que passou de -1,09% para -0,38% na passagem de outubro para novembro. Já os aumentos vieram das contas de condomínio (0,38%) e do aluguel residencial (0,37%).

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