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Além da conta de luz residencial, pesou no bolso do brasileiro o gasto com Educação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou uma alta de 1,23% em fevereiro de 2025, puxado pela disparada dos preços da energia elétrica residencial, que subiram 16,33% no mês, e dos serviços de Educação, alta de 4,78%, informou o IBGE nesta terça-feira (25).
No ano de 2025, o IPCA-15 marca alta de 1,34%, e nos últimos 12 meses até fevereiro, acumula alta de 4,96%. Em janeiro deste ano, a prévia da inflação registrou alta de 0,11%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, o da Habitação foi o que mais contribuiu para a inflação de fevereiro, com uma alta de 4,34% e impacto de 0,63 ponto percentual (p.p.) no IPCA-15. Pesou neste grupo, o reajuste na energia elétrica residencial, que subiu 16,33% no mês, após uma queda de 15,46% em janeiro – em função da incorporação do bônus de Itaipu.
Outra contribuição relevante para alta da inflação veio do grupo Educação, que apresentou a maior variação entre todos os grupos pesquisados, com alta de 4,78% e impacto de 0,29 p.p. no IPCA-15.
No grupo Educação pesou os aumentos anuais dos cursos regulares (5,69%), com mensalidades escolares e universitárias, que são comuns no início do ano letivo. O ensino fundamental subiu 7,50%, o ensino médio 7,26%, e o ensino superior 4,08%.
O IPCA-15 também aponta que os preços da alimentação deram uma arrefecida em fevereiro, ao registrar alta de 0,61% no mês, ficando 0,45 ponto percentual abaixo do registrado em janeiro (1,06%).
No grupo Alimentação, a alimentação no domicílio aumentou 0,63% em fevereiro, o que é também abaixo do resultado de janeiro (1,10%). As principais variações de aumento vieram da cenoura (17,62%) e do café moído (11,63%) e, no lado das quedas, destacaram-se a batata-inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%).
A alimentação fora do domicílio também desacelerou, mas ainda registrou alta de 0,56%, com refeições e lanches subindo 0,43% e 0,77%, respectivamente. Em janeiro esse subitem havia registrado alta de 0,93%.
Já no grupo Transportes, a alta foi de 0,44%, impulsionada principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis. O etanol subiu 3,22%, o óleo diesel 2,42%, e a gasolina 1,71%. Além disso, as tarifas de ônibus urbano (5,20%) tiveram reajustes significativos em várias capitais, como São Paulo (14,68%), Rio de Janeiro (6,34%), e Belo Horizonte (5,31%).
A aceleração forte da inflação em fevereiro reflete reajustes sazonais de serviços essenciais (com energia elétrica, água e esgoto), aumentos com os gastos da educação privada e pressões pontuais em setores como alimentação e transportes – cujos preços são voláteis e atrelados às decisões de bolsas de valores internacional.
Dessa forma, a inflação no Brasil segue sendo pressionada por elementos que não podem ser afetados pelo aumento de juros. No entanto, o Banco Central (BC) insiste em manter a política monetária restritiva, com sucessivos aumentos na taxa básica de juros (Selic) – hoje em 13,25% ao ano-, como se o problema da inflação fosse causado, principalmente, por pressões de demanda.
Ao aumentar os juros em situações em que a inflação está sendo impulsionada pelo aumento dos custos crescentes do dia a dia da família brasileira (habitação, transporte, alimentos), por exemplo, é como apagar um incêndio com gasolina. Não soluciona o problema, pelo contrário, vai causar mais danos à população, como eliminação de postos de trabalho e aumento da inadimplência no país.
ANTONIO ROSA