Influenciado pelas quedas no comércio e no serviços, índice de atividade econômica do Banco Central recua na comparação com julho
A atividade econômica brasileira caiu 0,77% no mês de agosto ante julho deste ano, de acordo com Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC). Esse é o maior recuo no indicador desde maio deste ano, quando o tombo foi de 1,85%.
O recuo observado no mês de agosto ocorreu após duas variações positivas mensais, 0,22% em junho e 0,42% em julho. O indicador IBC-Br é considerado uma prévia do PIB, divulgado oficialmente pelo IBGE.
No trimestre (jun, jul e ago), o índice aponta que o PIB retraiu em -0.65% frente aos mesmos três meses de 2022 – já desconsiderando os efeitos de variações sazonais. O PIB é a soma do conjunto de todas as riquezas, bens e serviços produzidos em um País.
Como efeito da política austera do Banco Central, que se dá por meio da elevada taxa básica de juros (Selic), a economia brasileira desacelerou no segundo trimestre de 2023, ao registrar um crescimento de 0,9% frente ao trimestre imediatamente anterior (1,9%).
O BC “independente” de Roberto Campos Neto manteve por um ano a taxa Selic em 13,75%, de agosto de 2022 a agosto deste ano, desempenhando neste nível o seu papel de inibir os investimentos públicos e privados, elevar o endividamento das empresas e das famílias e abater a demanda de bens e consumo, além da geração de emprego no país.
Após a insurgência de empresários do setor produtivo, governo, entre outros contrários às altas taxas de juros praticadas no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou em 1 ponto percentual a taxa Selic, sendo em meio ponto percentual a cada reunião, que se encontra hoje em 12,75% ao ano, mantendo o seu poder negativo sobre as atividades econômicas do País.
Em agosto, houve quedas no volume dos serviços (-0,9%) e nas vendas do comércio (-0,2%). Já a produção industrial (alta de 0,4%) praticamente ficou parada no mês diante da fraca demanda de bens e serviços no país. Ambos os resultados são em comparação com julho deste ano.
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que a intenção do BC seria frear o ritmo de cortes da taxa Selic para 0,25 ponto percentual, do que aumentar para 0,75 ponto. A manifestação teria ocorrido em uma reunião fechada, no encontro do FMI que ocorreu em Marrakesh, no Marrocos.
Com a repercussão negativa, Campos Neto afirmou que foi mal interpretado.
“Uma das falas em Marrocos gerou um ruído, sobre um tema de como era o balanço de riscos e o que a gente entendia que era a probabilidade [de cortar] 0,25 [ponto] ou 0,75. Em nenhum momento falei nada, nem remotamente, parecido com o que foi interpretado, de que a probabilidade de uma coisa era maior que a outra”, disse na última quarta-feira em um evento promovido por UBS e Credit Suisse, em São Paulo.
Em sua explicação ainda, o presidente do BC deixou claro que não está com nenhuma pressa para acelerar os cortes da Selic.
“A gente (Copom) entende, ainda, que 0,50 (ponto percentual) é um ritmo apropriado e a gente vai discutir na reunião do Copom que será em duas, três semanas. Vamos olhar as variáveis e ver o que mudou de uma reunião para outra e aí a gente vai comunicar, se tiver uma percepção de que alguma coisa mudou, esse não é o nosso cenário”, disse Campos.
O BC sustenta a manutenção da Selic em níveis escorchantes com o pretexto de combater a inflação, que neste ano está sob controle, não por conta da política do BC, mas pela melhora na oferta de commodities e insumos industriais que, consequentemente, levaram a reduções nos preços dos alimentos e de energia e uma diminuição nos custos da indústria.
Na comparação com agosto de 2022, a atividade econômica subiu 1,28%. No acumulado do ano, o índice do BC registrou 3,06% e em doze meses, 2,82%.