Com juros elevados, atividade econômica segue estagnada e patina 0,04% na virada do ano, segundo o IBC-Br
O índice de atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) oficial divulgado pelo IBGE, teve queda de 0,04% em janeiro sobre dezembro. No trimestre móvel encerrado em janeiro, o IBC-BR caiu 1,28% e em relação a janeiro de 2022, o índice teve crescimento de 3,03%.
Exceto dezembro, em janeiro o índice acumula queda em cinco meses anteriores, conforme divulgação do Banco Central (BC), nesta segunda-feira (17). Os indicadores de comércio, indústria e serviços do IBGE já vinham indicando a tendência de estagnação no início do ano.
Especialistas veem nesses números os efeitos diretos do aperto monetário, mantido por Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), com a Selic, que referencia as demais as taxas de juros, em 13,75% ou uma variação de mais de 500% desde meados de 2021.
Tudo isso junto e misturado com a manutenção de alto percentual de desempregados ou subempregados, queda na renda, miséria castigando 30 milhões de brasileiros, entre outras sérias dificuldades.
Segundo a XP Investimentos, citada no Valor Econômico, essa perda de força da economia fica nítida ao constatar que foi a quinta queda mensal nas últimas seis leituras do índice. Além disso, o IBC-BR caiu 1,28% no trimestre móvel até janeiro.
Há 30 anos, desde de Collor, a economia nacional tem uma administração, toda ela, dentro dos parâmetros do neoliberalismo, pretensa teoria econômica, formulada na década de 90, que instituições como o FMI propugnam insistentemente.
Em 1999 o governo aderiu de corpo e alma a essa política instituindo o chamando tripé econômico. Estrangulamento fiscal, câmbio supervalorizado em relação ao dólar e juros altos. Tendo as privatizações como pretenso instrumento de investimento, que funcionou, na prática, como uma política de transferência do patrimônio nacional para o capital multinacional.
Praticado todos esses anos, essas diretrizes econômicas trouxeram o Brasil à situação que vivemos. Uma economia em frangalhos, com uma indústria que encolheu em mais de 15% na sua participação no PIB, um comércio diante de uma enorme crise que nocauteou empresas de porte ou exigiu reprogramações financeiras de vulto em muitas outras. O setor de serviços oscila, sem conseguir avançar mais do que faturava antes da pandemia.
No momento, mais grave do que esses números do passado recente e de décadas, são as perspectivas de crescimento da economia para 2023 e 2024. São projeções em torno de 1,5%, dependendo de um ou outro órgão.
Só mesmo o interesse que nubla a razão pode aceitar e advogar, ainda, que mais do mesmo é solução para todos os males. O crescimento da economia e do desenvolvimento social robustos são inadiáveis, como muitos políticos e empresários, exceto do mercado financeiro, reconhecem, e de há muito, os trabalhadores.
As projeções feitas pelo boletim Focus do (PIB), que é a soma das riquezas gerada pela economia de um país, em um período, regra geral de um ano, é de encolhimento em 2013. A projeção para 2014 do boletim é também de redução.
Para os economistas do Original, conforme o Valor, ainda que janeiro tenha vindo um pouco melhor do que o esperado, não altera a tendência de desaceleração. “Com o resultado do índice de hoje, mantemos nossa projeção de 2,1% para o PIB no primeiro trimestre. Esse resultado vem de uma agropecuária forte e que deve ter um crescimento de dois dígitos, já descontados os efeitos sazonais do período. Para 2023, projetamos um avanço do PIB de 0,7%”, afirmaram.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve em 1,4% a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) neste ano.
Já na grade de parâmetros divulgada em março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a estimativa do governo para a expansão da atividade em 2023 passou de 2,1% para 1,61%.