O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta quarta-feira (16), registrou queda de 0,13% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior (outubro/dezembro de 2017). O resultado desmonta, mais uma vez, a farsa da “recuperação econômica” propalada por Temer, analistas da mídia antidemocrática e alguns incautos.
Em março, na comparação com fevereiro, o IBC-Br registrou queda de 0,74%. Em relação a março do ano passado (sem ajuste sazonal), houve queda de 0,66%.
O resultado negativo escancara que a economia continua em recessão, o que desmente a assertiva de Temer em evento no Palácio do Planalto de que “tirou o Brasil do vermelho” (v. matéria página 3).
Como o Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi criado o IBC-Br para orientar o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reúne a cada 45 dias, para definir a taxa básica de juros (Selic). Em suma, foi criado para dar um resultado positivo, incorporando além de estimativas das atividades industrial, de serviços e de agropecuária, também os impostos.
O resultado do IBC-Br é apenas a ponta do iceberg em meio a um oceano de problemas em todos os setores.
Que outro desfecho poderia haver, em uma economia em que o setor não produtivo é o beneficiário dos recursos produzidos pelo setor produtivo, senão o fundo do poço? No primeiro trimestre deste ano foram desviados do setor público R$ 89,202 bilhões ao setor financeiro, via pagamento de juros, segundo números do BC. Nos dois últimos anos, a média dessa transferência foi de cerca de R$ 400 bilhões. Precisamente, R$ 407,024 bilhões em 2016 e R$ 400,826 bilhões em 2017.
Assolada pelos juros altos, o setor mais importante para uma política de retomada do crescimento, a indústria, vive o pior dos mundos. Em março, houve um recuo de 0,1% na produção industrial ante o mês anterior, segundo o IBGE. No primeiro trimestre, o tombo foi de 2,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. “A recuperação industrial, que já não apresentava muita robustez, ficou ainda mais fraca no início de 2018. Esta é a principal mensagem que trazem os dados divulgados hoje (3) pelo IBGE”, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
O setor de serviços também segue na mesma batida da atividade industrial, acumulando queda de 1,5% em três meses, conforme o IBGE.
Já as vendas em hipermercados e em supermercados caíram 1,8% na passagem de fevereiro para março, com ajuste. Isso significa que a alimentação está sendo afetada como resultante da queda da renda e o desemprego em massa. Como resultante da política Dilma/Temer, há no país 13,7 milhões de desempregados e outros 23,1 milhões de subempregados.
Com isso, de acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 62,2 milhões de brasileiros não conseguiram pagar as suas contas em abril.
Outro indicador comemorado por Temer é a inflação, que, segundo ele, assumiu o governo com uma taxa de mais de 10% e colocou em perto de 3%. Acontece, que a baixa taxa inflacionária representa exatamente o fracasso de sua política de colocar o “país no rumo certo”. A inflação está baixa por causa da depressão econômica, iniciada por Dilma e exacerbada por ele.
Em função da piora dos indicadores econômicos, até mesmo alguns que repetiam a baboseira de Temer/Meirelles de “retomada do processo de crescimento” já começam a rever suas projeções. É o caso, por exemplo, do boletim Focus, do Banco Central, que reduziu sua estimativa de variação do PIB de 2,70% para 2,51% para este ano. O Itaú, maior banco privado do país, que antes projetava um otimista crescimento de 3%, agora projeta 2%.
VALDO ALBUQUERQUE