PRF decide pela demissão de agentes envolvidos na morte de Genivaldo por asfixia no camburão

Agentes da PRF mataram Genivaldo de Jesus, asfixiado com gás lacrimogênio, por pilotar moto sem capacete. Foto: Reprodução

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) concluiu o relatório disciplinar que apurava a morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado por fumaça em uma viatura no Sergipe, e recomendou a demissão dos policiais envolvidos no caso.

O processo administrativo disciplinar (PAD) tem mais de 13 mil páginas e foi encaminhado ao Ministério da Justiça na noite de quarta-feira (2). A palavra final para a decisão é do ministro Flávio Dino.

No documento, a corregedoria da PRF recomenda a demissão dos três agentes diretamente ligados à abordagem e morte de Genivaldo. Além disso, sugere a suspensão de outros dois agentes, por 32 e 40 dias, por terem preenchido boletim de ocorrência sem a devida transparência e informações relevantes sobre o caso.

Genivaldo, de 38 anos, morreu após uma abordagem de policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, no sul do estado de Sergipe, cerca de 100 km de Aracaju. O caso aconteceu no dia 25 de maio deste ano.

Ele foi abordado pelos agentes William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento por não usar capacete enquanto dirigia uma motocicleta. A vítima morreu asfixiada após ser colocada no compartimento de presos da viatura da PRF, onde os agentes lançaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

Pelas frestas da porta traseira, mantida semifechada, era possível ver fumaça escapando e também as pernas do homem balançando em desespero, enquanto ele gritava no interior da viatura. Assim que Genivaldo parou de se debater e gritar, os policiais fecharam a porta traseira da viatura, entraram no carro e deixaram o local.

O juiz de primeiro grau decretou a prisão preventiva dos policiais “para garantia da ordem pública, em razão da gravidade do fato e de indícios de reiteração criminosa específica”. Isso porque, segundo o STJ, dois dos três policiais envolvidos no caso foram indiciados por abordagem violenta dois dias antes da morte de Genivaldo.

Além da morte de Genivaldo de Jesus, a PRF também investigou duas outras denúncias contra os policiais.

Segundo o processo administrativo, os casos aconteceram dois dias antes da morte de Genivaldo, caso que ficou conhecido como “câmara de gás”, já que ele morreu após ser trancado no porta-malas de um carro da PRF onde foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

As vítimas relataram que foram abordadas da mesma forma, quando transitavam de moto pela pista em Umbaúba, sem capacete, e foram abordadas e agredidas.

Em maio, a PRF pediu desculpas pelo caso descrito como “traumático”. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, fez o pedido de desculpas durante a apresentação dos estudos de câmeras que devem ser instaladas nos uniformes dos policiais rodoviários federais.

JÁ DEVERIA SER FEITO

Após a recomendação de demissão dos policiais, a irmã da vítima disse que a família se sente aliviada e esperançosa na busca por Justiça.

“Graças a Deus! Isso já devia ter acontecido, eles já deviam ter sido demitidos há muito tempo. É uma coisa que não vai trazer o meu irmão de volta, mas deixa a gente mais aliviado”, disse Damarise Santos, irmã de Genivaldo.

Ainda de acordo com ela, a família aguarda a marcação do julgamento na esfera criminal e espera a condenação dos envolvidos. “Desde que aconteceu a tragédia, a gente não tem mais sossego, a vida mudou completamente, minha mãe tem mais vida, a dor é grande, o sofrimento é muito grande, queremos que eles respondam pelo que fizeram”, completou.

A viúva de Genivaldo, Maria Fabiana Santos, também falou sobre o assunto. “A gente se conforta em saber que a instituição não está dando apoio ao que esses policiais fizeram. Aos pouquinhos a Justiça vai ser feita”, disse.

Um pouco mais de um ano após da morte da vítima, o julgamento dos agentes William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento, envolvidos na ação, ainda não tem data para acontecer. A Justiça Federal de Sergipe determinou que eles sejam submetidos à júri popular.

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