“Quase todos os principais países membros da UE são contra dar à Ucrânia o status de candidato”, disse o primeiro-ministro italiano Mario Draghi, em entrevista coletiva em Bruxelas, respondendo a uma pergunta da agência de notícias italiana ANSA.
“Atualmente, o status de candidato não é previsível” devido a essa oposição, admitiu Draghi, acrescentando que, desses principais países, apenas a Itália está a favor. Segundo ele, é possível que a Comissão Europeia venha a apresentar em junho um plano para “acelerar” a candidatura da Ucrânia para o status de futuro candidato.
A maioria dos países espera anos para se tornar candidatos, quanto mais para a própria adesão à UE, explicou o ex-banqueiro, apontando que vários acordos sobre uma futura candidatura apresentados pela UE para “adoçar a pílula” não considerados aceitáveis por Kiev.
A Ucrânia apresentou seu pedido de adesão à UE em 28 de fevereiro, quatro dias após o início das hostilidades com a Rússia. O Conselho Europeu “reconheceu as aspirações europeias e a escolha europeia da Ucrânia” em março, e disse que havia “rapidamente” passado a papelada de Kiev para a Comissão Europeia. A própria presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, foi a Kiev.
No início de maio, a Rússia anunciou que, diante da virtual transformação da UE em uma extensão da Otan, a adesão da Ucrânia à UE seria tão inaceitável para Moscou quanto a adesão de Kiev à aliança bélica.
A operação militar especial russa para desnazificação e desmilitarização da Ucrânia foi desencadeada em 24 de fevereiro, em socorro às repúblicas antifascistas surgidas na resistência ao golpe de estado de 2014, diante de iminente operação militar de limpeza étnica no Donbass contra russos étnicos. O reconhecimento diplomático por Moscou das duas repúblicas antifascista ocorreu após o agravamento dos ataques contra o Donbass e a ostensiva recusa do regime de Kiev de cumprir os Acordos de Minsk que assinara, após oito anos de sabotagem de sua aplicação.
A Rússia também exige que a Ucrânia mantenha o status internacional assumido imediatamente após a dissolução da URSS, de neutralidade, sem bases estrangeiras e sem armas nucleares.