Eduardo Zimmer Sampaio, escalado pelo ministro Paulo Guedes para privatizar a histórica Casa da Moeda do Brasil, nomeou o advogado da empresa de sua família, seu amigo Jimmy Bariani Koch, como assessor da estatal no processo de negociações coletivas de trabalho.
Bariani Koch presta serviço à Casa da Moeda no regime de home office (trabalho em casa) para não precisar deixar a cidade de Porto Alegre, onde mantém um escritório. O advogado foi nomeado por Zimmer no dia 31 de outubro de 2019, sendo vinculado à Diretoria de Compliance com salário de R$ 16,5 mil mensais.
A Casa da Moeda conta hoje com 24 advogados em sua assessoria jurídica.
A amizade entre Zimmer e Koch vem de longa data, segundo informações divulgadas pela Folha de São Paulo. Eduardo Zimmer e Bariani Koch estudaram no mesmo colégio em Porto Alegre. A mulher do presidente da estatal é amiga da esposa de Koch e de outros parentes do advogado, segundo registro das redes sociais.
Ademais, Koch atua há pelos menos cinco anos como defensor da Sampaio Distribuidora de Aço, que pertence à família do titular da Casa da Moeda. Koch também foi sócio e diretor da distribuidora por 16 anos, até 2016
Essa não é a primeira vez que Zimmer nomeou um amigo para a Casa da Moeda. Para isso destituiu todo o Comitê de Elegibilidade da estatal e aprovou a nomeação de seu amigo Saudir Luiz Filimberti, entre outras nomeações de amigos. E, no caso de Koch, não faltaram mudanças nas normas da estatal para garantir sua nomeação e no regime de home office, em Porto Alegre. A Casa da Moeda fica no Rio de Janeiro.
Koch sabota negociação com o sindicato dos moedeiros
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Aluízio Júnior, na paralisação dos funcionários da Casa da Moeda, em 10 de janeiro, uma reunião entre a diretoria a os servidores foi encerrada durante as negociações do acordo coletivo de 2020, porque Koch se recusava a atender aos telefonemas para debater o assunto. E com a presença das advogadas do departamento jurídico da Casa, que sequer foram consultadas por ele.
Entre outros direitos, os moedeiros defendem a manutenção das regras das cláusulas sociais garantidas no Acordo Coletivo de 2019, que venceu em primeiro de janeiro, como as do plano de saúde e do auxílio-transporte, enquanto o acordo de 2020 não sai.
Em dezembro, a direção da Casa da Moeda anunciou o fim do cumprimento das cláusulas sociais que retira o direito ao pagamento integral dos planos de saúde de cerca de 500 funcionários que já trabalhavam na estatal antes da resolução que trata dos cortes. Além disso, Zimmer quer aumentar o desconto ao auxílio-transporte de 1% para 6%.
O sindicalista disse ainda que, até hoje, o advogado de Zimmer esteve apenas duas vezes na Casa da Moeda, uma delas foi para a sua nomeação .
A estatal foi incluída no programa de privatizações do governo federal. Em novembro, Bolsonaro editou uma medida provisória (MP 902/2019) que retira da Casa da Moeda, a partir de 31 de dezembro de 2023, a fabricação de dinheiro, selos postais e fiscais, passaportes e de controle fiscal sobre a fabricação de cigarros.