O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) divulgou uma carta aberta endereçada ao presidente Lula, alertando sobre os riscos de colapso que o sistema elétrico brasileiro corre após a privatização da Eletrobrás, e pede medidas sérias do governo para barrar esse processo em andamento e a imediata “reestatização da Eletrobras”.
A carta acusa a atual administração da empresa, privatizada no governo Bolsonaro, de adotar medidas que afetam “a segurança, confiabilidade e disponibilidade dos ativos de geração e transmissão”.
O CNE, que reúne uma confederação, dez federações, além de 34 sindicatos e cinco associações representando milhares de trabalhadores da Eletrobrás e de suas subsidiárias Chesf, Furnas, Eletronorte e CGT Eletrosul, afirma que a privatização foi “um verdadeiro crime de lesa-pátria, que transferiu o controle acionário da maior empresa de energia elétrica da América Latina, para acionistas minoritários privados, liderados pelo grupo 3G, detentor de menos de 0,5% das ações com direito a voto e responsável pela fraude nas Lojas Americanas”.
A entidade relata que já realizou diversas reuniões com representantes do governo federal para alertar sobre o que vem ocorrendo na Eletrobrás, e que até agora nada foi feito. Os eletricitários denunciam questões como “sucateamento do quadro de profissionais, aumento de acidentes de trabalho, venda de ativos estratégicos, postergação de manutenções devido à falta de equipes técnicas, equipamentos em fim de vida útil, intervenções canceladas, falhas no planejamento de recursos humanos, e demissões em massa de profissionais qualificados, via PDV ‘compulsório’, antes da contratação e treinamento de substitutos”.
“É importante ressaltar, Senhor Presidente, que a Eletrobras, detém cerca de 30% da geração de energia elétrica, 49% das linhas de transmissão e 50% dos reservatórios do país”, diz a carta.
A entidade faz um apelo ao presidente, alertando para o risco de interrupções no fornecimento de energia à população e afirmando que até o momento, o governo não agiu “contra o desmantelamento da Eletrobras”.
“A Diretoria e o Conselho de Administração continuam prejudicando a empresa, colocando o sistema elétrico brasileiro em risco de colapso. O governo precisa tomar medidas sérias para interromper isso, pois é responsabilidade do Estado zelar pelos serviços públicos da Eletrobras”, afirma a carta.
O documento cita ainda o “apagão” de agosto, que afetou 25 estados e o Distrito federal, interrompendo o fornecimento de uma carga de 22.457 MW, o que representou 30% do consumo naquele momento, como reflexo do processo de degradação operacional da empresa.
Afirmando ao presidente que “sempre estaremos juntos, lutando pelo nosso governo, mas nunca deixaremos de fazer as críticas necessárias para que o governo avance em prol de uma sociedade justa”, o CNE elenca ainda uma série de eventos recentes patrocinados pela direção da Eletrobrás, que demonstram o sucateamento e desmonte a que a empresa está submetida, e finalizam pedindo a “reestatização da Eletrobras, já”.