“Se amanhã o governo tiver interesse de comprar as ações, as ações para o governo valem três vezes mais do que o valor normal para outro candidato. Ou seja, foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria”, afirmou Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira (7) o processo de privatização da Eletrobrás, que classificou como “lesa-pátria”, “irracional” e “maquiavélica”.
“O governo tem 40% das ações [da Eletrobrás] e o governo só pode participar na direção como se tivesse 10%. Se amanhã o governo tiver interesse de comprar as ações, as ações para o governo valem três vezes mais do que o valor normal para outro candidato. Ou seja, foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria”, disse Lula, durante encontro com veículos de comunicação independentes, que foi realizado na manhã desta terça-feira (7) no Palácio do Planalto.
O presidente também afirmou que a Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, vai questionar o contrato de privatização da Eletrobrás.
“Inclusive, possivelmente o advogado-geral da União vai entrar na Justiça para que a gente possa rever esse contrato leonino contra o governo. Porque é contra o governo. Tanto na participação acionária nós queremos ter mais gente na direção, mais gente no conselho, quanto esse negócio de que você não pode comprar porque você vai pagar três vezes mais caro. Isso é uma coisa irracional, maquiavélica, que não podemos aceitar”, declarou.
“A começar dos salários dos diretores e conselheiros”, acrescentou Lula, fazendo críticas aos diretores da Eletrobrás privatizada, que aumentaram seus salários de R$ 60 mil para R$ 360 mil. No casos da direção da companhia, R$ 300 mil para o presidente da empresa, R$ 110 mil para o vice-presidente e até R$ 200 mil para conselheiros. “Ou seja, isso é privatizar para quê?”, questionou o presidente.
Lula disse, ainda, que neste momento o governo não irá priorizar a recompra das ações da Eletrobrás, “até porque o pouco dinheiro que tivermos temos que cuidar dos benefícios que o povo está precisando que a gente faça”, declarou. “Agora, se a gente conseguir fazer a economia crescer e a gente for bem e conseguir comprar mais ação, a gente vai comprar. Mas esse processo não vai fazer parte da minha pauta. A minha prioridade nesse momento é acabar com a fome nesse país”, enfatizou.