O especialista da USP e o professor Luis Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, estão no Rio Grande do Sul para participar do seminário da UFRGS: “As privatizações no setor Energético: Suas Consequências para o País”
O professor Ildo Sauer, do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da Petrobrás, afirmou na quinta-feira (28), em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, que “as privatizações no setor energético, que vêm sendo feitas desde a década de 1990, não resultaram em redução de tarifas, nem melhora dos serviços e muito menos em redução da dívida pública, como apregoavam os seus defensores”.
O especialista da USP e o professor Luis Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, estão no Rio Grande do Sul para participar do seminário “As privatizações no setor Energético: Suas Consequências para o País”, que será realizado no final da tarde e inicio da noite desta quinta-feira (28) no auditório da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O debate será mediado pelo jornalista Juremir Machado.
“Vamos debater o processo histórico e saber por que as privatizações foram anunciadas como a grande solução para a economia brasileira e nos deixaram a tarifa elétrica mais cara do mundo, sendo que poderia ser das mais baratas”, observou Ildo Sauer.
“Não obtivemos ainda a universalização da eletricidade em pleno século XXI. Ainda há de dois a três milhões de brasileiros sem eletricidade e os que têm, recebem um serviço com a qualidade caindo muito”, acrescentou o professor. “Vamos analisar os grandes interesses que estão por trás dessas análises que apregoam as privatizações”, completou.
Segundo Ildo Sauer, “as privatizações avançaram no Brasil após o movimento internacional, que se iniciou no Chile, depois se acelerou na Inglaterra de Margareth Tatcher, nos Estados Unidos, na Alemanha e, depois, com o Consenso de Washington, passou-se a adotar essa politica também na América Latina”.
“Começaram a espalhar a ideia de privatizar tudo e que o Estado mínimo faria bem, que teríamos melhores serviços públicos a menores preços. Nada disso aconteceu até agora”, denunciou.
“No Brasil foi no setor elétrico e no setor de petróleo onde as privatizações avançaram mais. Dizia-se que era preciso leiloar o acesso aos recursos do pré-sal porque a Petrobrás não teria dinheiro para investir. Dizia-se também que a Petrobrás estava quebrada. Este leilão provou o contrário”, disse Sauer.
“De fato para desenvolver o campo de Búzios e o de Itapu”, prosseguiu o especialista, “são necessários 50 60 bilhões de dólares. São investimentos para viabilizar a extração desse petróleo”. “A Petrobrás vai investir esses recursos”, afirmou.
Questionado de por que as multinacionais não apareceram para o chamado megaleilão, Ildo Sauer disse que se não fosse a Petrobrás, não haveria avanços na produção de petróleo no país. “Nenhuma empresa tem dinheiro em caixa. Todo mundo recorre ao sistema financeiro e, quem em bons projetos, consegue ter acesso ao financiamento. Nenhuma empresa privada se comprometeu. A Petrobrás, além de se comprometer com os investimentos, ainda aportou cerca de 40 bilhões de reais ao Tesouro Nacional”, explicou.
“Ninguém conhece a área do pré-sal mais do que a Petrobrás. Foi a estatal que, com o esforço feito a partir de 2003, descobriu esses recursos, com capacitação que já vem de cinco décadas. E ela já vem atuando. A empresa que mais conhece, que mais atua no segmento de alto risco, isto é, no sentido tecnológico, é a Petrobrás. Por isso ela tem vantagens comparativas. Nenhuma empresa pretende concorrer contra ela”, concluiu Ildo Sauer.