“Problema do Brasil não é com Israel, é com Netanyahu”, diz Lula em Roma

Foto: Ricardo Stuckert

Ele saudou o acordo de paz. “Antes tarde do que nunca. Parece que finalmente se encontrou uma saída para o conflito entre Israel e o povo palestino e parece que há muitas possibilidades do acordo ser definitivo”, avaliou

O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira (13), em entrevista em Roma, após o Fórum Mundial da Alimentação, principal evento da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura, que o recente avanço pela paz no conflito entre Israel e Hamas representa “um passo importante” para a região. Ele ressaltou o impacto humanitário do cessar-fogo.

“Antes tarde do que nunca. Parece que finalmente se encontrou uma saída para o conflito entre Israel e o povo palestino e parece que há muitas possibilidades do acordo ser definitivo”, avaliou Lula. “Isso é muito importante por envolver a vida de milhões que morreram, mas dá o direito das pessoas dormirem tranquilas, sem medo de bomba, sem medo do prédio cair”.

Lula não deixou de criticar o papel do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no conflito. “O Brasil não tem problema com Israel, o problema é com o Netanyahu. A hora que o Netanyahu não for mais governo, não haverá nenhum problema entre Brasil e Israel, que sempre tiveram relação muito boa”, disse Lula. “Nós sabemos o papel do povo judeu, que tem lutado inclusive contra as atitudes de Netanyahu”, completou.

O presidente brasileiro comentou ainda a relação entre os conflitos armados e a fome. “A fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas, ou com tarifas e subsídios. Da tragédia em Gaza, a paralisação da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintonia do abandono das regras e das instituições multilaterais”, destacou Lula.

Durante ainda a coletiva de imprensa, o presidente considerou a recente mediação liderada pelos Estados Unidos, com o envolvimento de Donald Trump, um sinal positivo. “Não sei se é definitivo, mas é um começo muito promissor. O fato do presidente Trump ter ido a Israel, ter ido ao Parlamento, é um sinal muito importante”, comentou. 

Na conversa com os jornalistas, o presidente fez uma comparação com outros conflitos internacionais, defendendo uma reflexão humanitária mais ampla. “Acho que, se resolvemos o problema de Israel e da Palestina, temos condições de resolver o problema da guerra entre Rússia e Ucrânia”, disse. “Está na hora de uma reflexão humanitária para tentar parar a guerra para todos”, afirmou.

Em, discurso no Fórum Mundial da Alimentação, Lula disse que “a fome é irmã da guerra”. “Não há investimento melhor para a economia global do que o combate à fome e à pobreza”, observou o presidente. “Não se trata de assistencialismo. É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado, para evitar que o avanço fique à mercê de crises ou marés políticas. Estamos interrompendo o ciclo de exclusão. Um país soberano é um país capaz de alimentar o seu povo”, disse.

Lula defendeu a taxação de super-ricos para garantir alimentos a mais de 670 milhões de pessoas. Para ele, é necessária uma reforma da arquitetura financeira internacional para garantir recursos. “A fome é inimiga da democracia e do pleno exercício da cidadania. Mas governos só podem agir se dispuserem de meios. Por isso, ampliar o financiamento ao desenvolvimento, reduzir os custos de empréstimos, aperfeiçoar sistemas tributários e aliviar as dívidas dos países mais pobres são medidas cruciais”, declarou o líder brasileiro.

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