Um dos mais absurdos depoimentos, até agora, da CPI mista da JBS foi o do procurador Ângelo Goulart Villela. Não somente pela estapafúrdia história que contou, quanto pelo próprio depoente.
Acusar o então Procurador Geral, Rodrigo Janot, de querer derrubar o presidente da República, apenas e tão somente porque não queria que Raquel Dodge fosse a sua sucessora, é coisa que nem o patrono dos mega-mentirosos – o barão de Munchausen – ousou contar (aliás, nem chegou perto disso).
Janot denunciou Temer porque existem provas de que Temer é um ladrão. Provas, aliás, de conhecimento público. Mas é isso que o procurador quer esconder – para esconder os seus próprios crimes.
O procurador Ângelo Goulart Villela responde, no momento, pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e violação de sigilo funcional, por atuar como infiltrado de Joesley Batista, da JBS, na força-tarefa da Operação Greenfield, que apura fraudes e favorecimentos ilegais a empresas nos fundos de pensão. Na sua conversa gravada com Temer, no Palácio do Jaburu – e, depois, em seu depoimento – Joesley Batista relatou que estava subornando, por R$ 50 mil mensais, o procurador Villela, em troca de informações privilegiadas da Greenfield, na qual a JBS é investigada.
Acionada, a Polícia Federal documentou uma reunião – um jantar – em Brasília, entre o procurador Villela, um intermediário da JBS (o advogado Willer Tomaz) e um diretor da JBS, Francisco de Assis e Silva. Além de fotografar o jantar, a PF gravou quando Villela colocou seu celular em “viva-voz”, para que seus comparsas ouvissem sua conversa com o procurador Anselmo Cordeiro Lopes, responsável pela Operação Greenfield, sem que este último soubesse.
Este é o currículo do depoente na CPI, incensado pelo PT (v. o texto baboso que lhe dedicou, depois que Vilella foi preso, o ex-ministro da Justiça de Dilma, Eugênio Aragão) e pelo PMDB.
A história de Villela sobre Janot – que pediu sua prisão, diante das provas contra ele – é absurda, mas é interessada: em troca de negar as provas contra Temer, Villela espera escapar da Lei e da Justiça pelo abafamento “vindo de cima”. Porém, para esconder as provas contra Temer, só com uma história sem pé nem cabeça – nem por isso menos imunda, por difamatória, mas que acaba por não esconder nada, pelo contrário. O fato de que a jagunçada de Temer – e o próprio Temer – tenha passado a repetir a história de Villela, é mais uma acusação contra o próprio Villela.
Na CPI, o lixo do lixo do PMDB – isto é, o deputado Carlos Marun, leão de chácara da quadrilha de Cunha, hoje capanga da quadrilha de Temer – juntou-se com o PT (isto é, com o deputado Paulo Pimenta) contra o senador Randolfe Rodrigues, que interrogava Villela. Em seu interrogatório, Randolfe expôs os atos e, por consequência, as motivações de Villela, e suas relações antes ocultas com a JBS. Foi o quanto bastou para que Marun e Pimenta o atacassem de maneira grosseira – mas receberam resposta à altura.
Por fim, se Temer e seus capangas repetem a história do procurador Villela, isso quer dizer que nem conseguem inventar algo razoável para dizer sobre as provas.
Realmente, as provas são irretorquíveis.
C.L.