A indústria do estado de maior, mais desenvolvido e mais complexo setor produtivo do Brasil apresentou resultados em janeiro que apenas confirmam que o país ainda vive um dos piores episódios econômicos da sua história.
Os dados regionais da pesquisa sobre produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira (9), mostram que a produção física de São Paulo recuou -3,3% em janeiro na comparação com dezembro. O dado seria alarmante qualquer que fosse o comparativo, mas se torna ainda mais significativo por ser uma queda de apenas um mês para o outro. A produção não só ficou no negativo como também registrou uma das piores marcas da história, perdendo apenas para agosto de 2016, quando recuou 4%.
“São Paulo, como frequentemente destacamos, é uma região toda especial devido à complexidade de seu parque industrial, cujos encadeamentos são capazes de melhor disseminar os impulsos positivos para um número maior de setores e de regiões” avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Econômico e Industrial (IEDI).
Exatamente pela influência que o parque industrial paulista tem para com o país, a passagem de dezembro para janeiro foi um desastre para a produção em outros dos princiais estados brasileiros.
“Na raiz deste resultado estão, principalmente, as quedas de setores tais como veículos automotores, derivados do petróleo, metalurgia e borracha. Além de São Paulo, outros estados também contam muito na indústria nacional. A maioria deles começou 2018 com o pé esquerdo“, aponta o IEDI.
Do total, oito dos 14 locais pesquisados pelo IBGE tiveram queda em janeiro, mas são destacáveis os recuos do Paraná, cuja queda foi de -4,5% e; Rio Grande do Sul, com recuo de -3,5% de um mês para o outro. Além desses serem importantes estados industriais, as quedas de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná foram acima da média nacional, que foi de retração de -2,4% apenas de dezembro para janeiro – a maior desde fevereiro de 2016.
Ceará (-2,2%), Rio de Janeiro (-2,1%), Região Nordeste (-1,1%), Espírito Santo (-0,9%) e Santa Catarina (-0,1%) foram os outros locais com índices negativos em janeiro.
“Esses resultados mostram que o declínio de janeiro nada tem de ocasional”, diz o IEDI, reforçando que ao invés da ‘onda de recuperação’ da qual o governo fala, o país continua em pleno processo recessivo.
PRISCILA CASALE