Ao analisar a estagnação da produção industrial em abril, o Iedi destaca que, entre as perdas, bens de consumo duráveis ocuparam a liderança. São “mais vulneráveis aos gargalos das cadeias produtivas e ao impacto do aumento das taxas de juros e da queda do poder de compra da população”
O cenário econômico de estagflação tem grande impacto sobre a produção industrial do país, que em abril deste ano apresentou variação nula (de 0,1% ante março), ao passo que acumula em 2022 uma queda de 3,4%. Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os setores mais sensíveis ao aumento das taxas de juros e à queda do poder de compra da população, além daqueles que dependem de uma política de investimentos, são os que mantém a produção no chão.
“A estabilidade do início deste segundo trimestre do ano foi resultado de um declínio acentuado em bens de capital e também em bens de consumo duráveis: respectivamente, -9,2% e -5,5%, frente a mar/22, com ajuste sazonal. Bens intermediários se mantiveram com baixo crescimento (+0,8%) e a alta de bens de consumo semi e não duráveis (+2,3%) compensou parcialmente a queda de mar/22 (-3,4%)”, avalia o instituto.
Olhando mais de perto, o setor de bens de consumo duráveis coleciona resultados negativos que chegam a dois dígitos na comparação com abril do ano passado: o recuo foi de -13,2%.
Comparando anualmente os últimos três meses, os resultados do setor são desoladores. Em fevereiro e março, a produção de bens duráveis teve queda de -16,8% e -12,9%, respectivamente.
“Em grande medida, devido a eletrodomésticos (-25,2% ante abr/21), mais vulneráveis aos gargalos das cadeias produtivas e ao impacto do aumento das taxas de juros e da queda do poder de compra da população, seguidos por móveis (-13,1%). A indústria automobilística registrou -7,4%”, pontuou o Iedi.
BENS DE CAPITAL: RETROCESSO
“Bens de capital, a seu turno, caíram em três dos quatro primeiros meses de 2022. Em abril último, seu retrocesso foi mais uma vez muito influenciado pela redução da produção de bens de capital para a própria indústria (-11,3%), mas também daqueles para a agricultura (-12,3%) e para transportes (-5,5%)”, completa o Iedi. O setor sofre com a alta taxa de juros e com uma política de investimento zero aprofundada pelo atual governo.
A sequência de resultados da produção do setor de bens de capital, na comparação com o ano passado, foi de -4,6% em fevereiro; +4,9% em março e -5,1% em abril.
Para os demais macrossetores, ainda que os recuos tenham sido menores, a situação também não é nada boa. Bens intermediários, por exemplo, que também abastecem a produção com matéria-prima, tiveram recuos no trimestre apurado de -2,5% em fevereiro, -2,0% em março, e completando, variação quase nula de +0,1% em abril.
Já os bens de consumo semi e não duráveis, altamente atingidos pela carestia que castiga a população, a sequência foi de: -4,4%; -0,9% e +3,3%, respectivamente.
Para o índice acumulado no ano de 2022, todos os segmentos assinalaram resultados negativos: bens duráveis (-17,0%), bens de consumo (-5,7%), bens de capital (-3,0%), bens intermediários (-2,5%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-2,5%).
A indústria geral registrou resultados negativos em fevereiro (-4,1%); março (-1,9%) e (-0,5%) em relação aos respectivos meses do ano 2021.