
“A elevação da taxa de juros afeta todos os segmentos, especialmente os de caminhões pesados e extra-pesados”
Sob o efeito da taxa básica de juros, a produção e a venda de veículos no Brasil retrocedeu em junho, afirmou a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), na segunda-feira (7) em sua carta mensal de resultados.
Em coletiva de divulgação, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, apontou que a alta taxa de juros é o principal fator para o desempenho do setor: o volume de vendas em junho (212,9 mil unidades) ficou 5,7% menor do que o de maio. Segundo Calvet, enquanto a taxa Selic aumentou para 15% ao ano, no financiamento de veículos, as taxas estão em 27,6% para pessoa física e 19,3% para pessoa jurídica.
Com a redução nas vendas, a produção de automóveis, caminhões e ônibus somou 200,8 mil unidades no mês passado – o que representa uma queda de 6,5% sobre maio e de 4,9% ante junho de 2024. De acordo com a entidade, os estoques nas concessionárias e fábricas somavam 259.300 veículos, o suficiente para 38 dias de vendas.
“A elevação da taxa de juros afeta todos os segmentos, especialmente os de caminhões pesados e extra-pesados”, diz a Anfavea no release de imprensa.
DESEMPREGO
Mais de 600 vagas de trabalho foram fechadas nas montadoras nos últimos dois meses, o que, avalia a direção da entidade, é reflexo da baixa da produção. “Estamos observando o dado de emprego com lupa muito grande”, disse Calvet, apontando também preocupação com o impacto do avanço da inadimplência por conta dos juros cobrados pelos bancos.
Nesta conjuntura, as vendas para locadoras de veículos (somam 28% das vendas em junho) e as exportações, especialmente para a Argentina, “têm sustentado os volumes da indústria diante da queda de movimento do varejo”, completa Cavelt.
No sentido oposto, o embarque de veículos para exportação foi de 50,7 mil unidades em junho, representando aumento de 75% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano (264,1 mil unidades), houve um avanço de 59,8%.