Alta de apenas 3,2% em agosto é menos da metade do resultado de julho (+8,3%)
Com a apresentação dos dados de agosto, a produção industrial do país acumulou -8,6% de queda em 2020, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (02).
De acordo com a pesquisa mensal, o resultado foi positivo em 3,2% na comparação sobre julho, porém, não recupera o tombo de 27% acumulado entre março e abril – meses mais duros da pandemia.
Entre maio e julho, os resultados, também positivos, tampouco foram suficientes para representar ritmo de recuperação.
“Mesmo com quatro altas consecutivas, o indicador ainda não eliminou a perda de 27% acumulada entre março e abril, no início da pandemia, quando a produção industrial caiu ao patamar mais baixo da série”, informou a nota de divulgação do IBGE. Os níveis de produção estão, segundo o instituto, 27,7% abaixo do apresentado em maio de 2011.
“Embora a indústria tenha obtido seu quarto mês de recuperação, registrou importante desaceleração do ritmo de crescimento, adiando a superação do choque da Covid-19 do bimestre mar-abr/20. A alta foi de apenas +3,2% frente a jul/20 na série livre de efeitos sazonais, isto é, menos da metade do resultado anterior (+8,3%)”, ressaltou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“Na grande maioria dos casos, nestes últimos quatro meses de crescimento não foi recuperada a perda dos dois meses mais graves da pandemia. Resultado é que no acumulado de jan-ago/20 frente ao mesmo período do ano anterior a queda da indústria é -8,6%. Em comparação com o pico histórico antes da crise de 2014-2016, a lacuna do setor chega a -18%”, destacou o Iedi.
Em relação a agosto de 2019, houve recuo de -2,7% – o décimo consecutivo nessa base de comparação. Em 12 meses, a queda acumulada ainda é de 5,7%.
O IBGE também comparou o mês de agosto com os níveis pré-pandemia: registrando um volume de produção 2,6% inferior a fevereiro de 2020.
Os resultados frustraram as expectativas de setores do “mercado” que acreditavam que a economia estava em recuperação persistente. A previsão esperada era de crescimento de 3,4% sobre o mês anterior e de queda de 2,2% sobre agosto de 2019.
As medidas de restrição dos serviços não essenciais necessárias para conter o avanço da pandemia paralisaram a produção e frearam a demanda. Enquanto diversos países do mundo fizeram esforços fiscais para socorrer empresas durante a emergência, no Brasil nem mesmo o crédito chegou – especialmente a pequenas indústrias.
De acordo com levantamento realizado pelo Datafolha em parceria com o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, 30% do total de empresas da indústria de pequeno e micro porte tiveram crédito negado quando recorreram aos programas e linhas de financiamento lançados pelo governo, como o Pronampe. O percentual total de empresas sem acesso a nenhum crédito chegou, em junho, a 79%.
A queda foi generalizada em todas as quatro grandes categorias econômicas no acumulado do ano frente ao mesmo período do ano passado. Sobre os ramos, 20 dos 26 pesquisados recuaram, com destaque para veículos automotores (-39,9%), vestuário (34,4%) e outros equipamentos de transporte (-32,9%).