A produção industrial do país em 2019 já acumula queda, até fevereiro, de 0,2% – segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira (2). O resultado compara o volume produzido pelas indústrias com o mesmo período do ano passado.
A pesquisa observou que os números negativos vieram de 14 dos 26 ramos do setor produtivo, com destaque para as grandes contribuições de produtos alimentícios (-6,1%), máquinas e equipamentos (-3%), da indústria extrativa (-4,4%), dos produtos farmacêuticos (-12,3%), equipamentos de informática e produtos eletrônicos (-6,5%) e metalurgia (-2,1%).
Abrindo o ano, esses números reforçam a permanência do país na recessão, além de estarem contribuindo para a redução das expectativas de crescimento da economia. Ao contrário da promessa de “vigorosa retomada do crescimento econômico”, o novo governo tem se empenhado em uma agenda recessiva que contribuíra ainda mais para a redução do poder de compra da população e do investimento público.
O Ipea afirmou que espera um ano de “baixo crescimento econômico” e revisou de 2,7% para 2% a previsão de variação do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia no ano. A contribuição da indústria seria de apenas 1,8%.
Já o Banco Central (BC) reduziu a expectativa de crescimento em 2019 de 2,4% para 2%, conforme Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (28). Foram revisados os componentes do PIB para a indústria de 2,9% para 1,8%.
Na segunda-feira (1/4), o Banco Central divulgou, através do boletim Focus, que a estimativa para crescimento do PIB ficou abaixo de 2%.
Comparação mensal
Na comparação com janeiro de 2019, o IBGE registrou aumento de 0,7% no volume de produção das indústrias – o que não foi suficiente para sustentar o crescimento no acumulado dos primeiros dois meses do ano.
Na comparação com fevereiro do ano passado, a produção cresceu 2% – o que interrompeu três meses consecutivos de taxas negativas. Contudo, o resultado só foi possível graças ao efeito calendário “já que em 2019 o mês teve dois dias úteis a mais do que fevereiro de 2018, com o feriado de carnival transferido para março”, afirmou o gerente da pesquisa pelo IBGE André Macedo.
Ainda assim, a indústria extrativa sofreu a sua maior queda desde 2002 – com resultado negativo de 14,8% sobre fevereiro do ano passado.
PRISCILA CASALE