A produção industrial na Argentina teve uma queda de 11,5% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado. Trata-se da maior queda interanual desde julho de 2002, quando houve um retrocesso de 12,2%. Os dados foram informados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos, INDEC, equivalente ao nosso IBGE. O documento oficial precisou que os setores mais afetados pela crise econômica foram o têxtil, borracha e plástico, substâncias e produtos químicos e refino de petróleo, entre outros. Uma de cada três empresas programa reduzir funcionários antes de dezembro.
O setor têxtil que produz essencialmente para a demanda interna computou em setembro uma perda inédita de 24,6% interanual. Outro setor que se apoia no mercado interno como edição e impressão desceu 21,6%, enquanto que a indústria do tabaco caiu 15,8%, e o refino de petróleo, 11%.
A queda do setor de alimentos também foi importante, com um retrocesso de 3,2%. A rubrica de borracha e plásticos, que tem um forte vínculo com a produção automotriz, marcou uma contração de 20,4%. No complexo de automóveis, a diminuição foi de 15,7%. O crescente índice de desemprego e perda generalizada de poder aquisitivo, além das elevadas taxas de juros são elementos que influem na deterioração do setor.
Entre os insumos à indústria também houve queda. O setor de minerais não metálicos computou baixas de 3%, entre as quais se destacaram a queda de 7% do vidro, de 3,2% do cimento e 1,8% de outros materiais para a construção.
Quanto à produção de substâncias químicas, a perda foi de 4,7%. Houve uma baixa de 8% no bloco de produtos químicos básicos, de 17,5% em detergentes, sabonetes e produtos pessoais. Já a produção de fibras sintéticas e artificiais – que são utilizadas pela indústria têxtil que, como vimos acima teve uma das maiores retrações – o recuo foi de 56,9%. A produção de matéria prima plástica também caiu no período estudado: 6,5%.
A pesquisa de perspectivas do INDEC deixa claros outros problemas estruturais. O principal deles está no mercado de trabalho. Uma de cada três empresas espera reduzir sua dotação de pessoal no último trimestre de 2018. Em agosto, segundo dados divulgados, perderam-se 4.200 empregos fabris, enquanto que em oito meses do ano a contração foi de 33.100 empregos industriais e desde que assumiu Mauricio Macri, em dezembro de 2015, foram suprimidos 98.200.
SUSANA LISCHINSKY