As maiores quedas na produção foram registradas em: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-13,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,0%) e produtos alimentícios (-2,1%)
Acorrentada aos juros altos, a indústria brasileira segue estagnada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (30) que a produção industrial brasileira recuou -0,3% em janeiro de 2023, na comparação com dezembro do ano de 2022, quando marcou variação nula (0,0%). Na análise do acumulado dos últimos 12 meses, o resultado foi de queda de menos 0,2%. Já nas comparações com janeiro de 2022 e do acumulado do ano, a produção patinou em torno de zero (0,3%).
“Na variação negativa de 0,3% da atividade industrial na passagem de dezembro para janeiro, três das quatro grandes categorias econômicas e 11 dos 25 ramos pesquisados mostraram recuo na produção”, destacou o IBGE em nota.
Em janeiro frente a dezembro de 2022, a produção de bens de capital caiu -4,2%. Tanto no acumulado do ano (janeiro 2022 x Janeiro 2023) como na comparação com o mesmo período de 2022, esta categoria apresentou queda de -6,6%. No acumulado dos últimos 12 meses, a queda é de -0,4%.
Olhando pela ótica da produção de bens intermediários, a queda foi de -0,8 em janeiro de 2023 frente a dezembro de 2022; recuo de -1,7 tanto contra janeiro de 2022 como no acumulado do ano (janeiro 2022 x janeiro 2023); e baixa de -0,6 no acumulado dos últimos 12 meses.
Já bens de consumo a variação foi de apenas 0,1% na passagem de dezembro a janeiro, com destaque para o péssimo desempenho no período para os bens de consumo duráveis (-1,3%). O desempenho de bens de consumo tanto contra janeiro de 2022 como no acumulado do ano foi de alta 5,8% e variação positiva de 0,6% no acumulado dos últimos 12 meses.
Os dados apresentados são uma demonstração do efeito dos juros nas alturas asfixiando a indústria. Com a taxa básica de juros da economia (Selic) fixada pelo Banco Central em 13,75% ao ano, fazendo com que os brasileiros paguem a maior taxa de juros real do mundo e elevando o endividamento das empresas e das famílias, as compras de bens de consumo acabam sendo restringidas, principalmente as de bens de capital (máquinas, equipamentos…), bens intermediários (manufaturados ou matérias primas que são incorporadas a outros produtos) e de duráveis ( carros, móveis, eletrônicos etc.) – que são dependentes de um ambiente de crédito favorável.
Por exemplo, na passagem de dezembro a janeiro, por atividades, as maiores quedas na produção foram registradas em: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-13,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,0%), produtos alimentícios (-2,1%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,5%). Mas também destaca-se os resultados negativos de produtos químicos (-1,3%), produtos de metal (-2,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,2%), equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (-3,5%) e de celulose, papel e produtos de papel (-1,3%).
“Depois de ter encerrado 2022 estagnada, a indústria entra em 2023 novamente no negativo” observou o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ao analisar os dados do IBGE. “Embora este desempenho tenha sido bastante influenciado por bens capital, os outros macrossetores industriais também não apresentaram avanços”, ressaltou.
“Este conjunto de resultados, seja qual for a comparação analisada, indica que o quadro industrial do país não passou por progressos na virada do ano. O setor como um todo segue andando de lado, com sinais mais adversos em bens de capital, o que dá um indicativo ruim para os investimentos, notadamente, para aqueles realizados pela própria indústria, e em bens intermediários, que correspondem ao núcleo duro do sistema industrial, já que produzem insumos para o restante do setor”, destacou o Iedi.