O resultado é consequência dos juros altos, cortes nos investimentos públicos, carestia e renda em queda livre impostos durante os quatro anos de Bolsonaro
Sufocada pelos juros altos e pela inflação, a indústria brasileira tem mais um mês em baixa em sua produção. Na passagem de agosto para setembro a produção brasileira recuou -0,7%, com quedas constatadas em 21 dos 26 ramos industriais, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o setor acumula retração de -1,1% e, em 12 meses, -2,3%.
Nestas condições, a indústria brasileira está -2,4% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,7% abaixo do pico recorde que foi alcançado em maio de 2011.
Em setembro, todas as grandes categorias econômicas apresentaram reduções em suas produções frente agosto: Bens de capital (-0,5%), Bens intermediários (-1,1%), Bens de consumo (0,8%), Bens de consumo duráveis (-0,2%), Bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,4%).
Entre as atividades da indústria que tiveram maior influências negativas estão: produtos alimentícios (-2,9%), metalurgia (-7,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%), bebidas (-4,6%) e produtos de madeira (-8,8%).
Destaca-se que a produção dos produtos alimentícios já apresenta dois meses consecutivos de queda. Reflexo da carestia dos alimentos que tem levado as pessoas a abandonarem produtos nas bocas dos caixas dos supermercados e levado milhões a situação de fome no país. Em setembro, a inflação do grupo de alimentos e bebidas registrou alta de 11,71% no acumulado de 12 meses, com mais de 80 produtos alimentícios – o que representa metade dos itens pesquisados pelo IBGE – acima de 10%, superando a inflação geral (IPCA) registrada para o mês de 7,17%.
No acumulado do ano, o setor industrial assinalou queda de -1,1%, na comparação com o mesmo intervalo de meses de 2021, com resultados negativos em todas as grandes categorias econômicas, 15 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 61,0% dos 805 produtos pesquisados.
Entre as grandes categorias econômicas, pesou o arrocho dos juros altos que tem inibido o consumo das famílias, que vivem com os maiores índices de endividamento e inadimplência, em decorrência da inflação, da desvalorização dos salários e do desemprego elevado.
No perfil dos resultados para os nove meses de 2022, o IBGE aponta resultados negativos para as produções de Bens de consumo duráveis (-5,3%) – pressionada pelas reduções na fabricação de eletrodomésticos (-16,4%), especialmente os da “linha branca” (-20,3%) -, Bens intermediários (-1,0%), de Bens de consumo semi e não duráveis (-0,7%) e de Bens de capital (-0,5%).
A escalada da taxa de juros da economia (Selic) pelo Banco Central (BC), com aval do governo Bolsonaro, fez do Brasil o campeão mundial de juros reais. De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), as taxas de juros para as operações de crédito subiram pelo 9º mês seguido em setembro, com alta de 400,37% ao ano no cartão de crédito. Em setembro, a média das taxas de juros para as pessoas físicas ficou em 6,93%, equivalente a uma taxa anual de 123,46%, a maior taxa de juros desde agosto de 2018.