Variação de 0,1% em junho foi resultado do setor extrativo
A produção industrial no país continou estagnada na passagem de maio para junho com uma variação de apenas 0,1%, levando o setor a acumular uma queda de -0,3% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (1).
Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central que vai definir a taxa básica de juros, que há um ano está em 13,75%, elevando o juro real ao maior patamar do mundo, a indústria brasileira amarga o arrocho monetário que inibe os investimentos, a geração de empregos e o consumo.
Somente uma das quatro grandes categorias econômicas e 7 dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram variação positiva na produção na passagem de maio para junho.
No acumulado de janeiro ajunho de 2023, frente a igual período do ano anterior os resultados negativos foram verificados em duas das quatro grandes categorias econômicas, 16 dos 25 ramos, 48 dos 80 grupos e 54,6% dos 789 produtos pesquisados.
De acordo com o IBGE, a maior influência positiva nos grupos de atividades veio de indústrias extrativas, que avançou 2,9% em junho depois de crescer 1,4% em maio. “São cinco taxas positivas em seis meses, influenciado pelo avanço na extração de petróleo e minérios de ferro”, afirma André Macedo, gerente da pesquisa, ressaltando que o setor é um dos poucos que estão acima do patamar pré-pandemia, com 7% de alta perante o nível de fevereiro de 2020.
Entre as grandes categorias econômicas, em junho frente ao mês anterior, bens de consumo semi e não duráveis (0,9%) apontou a única taxa positiva e eliminou parte do recuo de 1,1% registrado no mês anterior.
Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo duráveis (-4,6%) assinalou a queda mais intensa nesse mês, após avançar 9,4% em maio. Os segmentos de bens de capital (-1,2%) e de bens intermediários (-0,3%) também mostraram resultados negativos em junho de 2023, com o primeiro voltando a recuar após crescer 4,1% no mês anterior; e o segundo marcando o primeiro resultado negativo desde janeiro último (-0,8%).
Entre as 16 atividades em queda, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,0%) e máquinas e equipamentos (-4,5%) exerceram os principais impactos em junho de 2023. A primeira interrompe quatro meses consecutivos de alta, período em que acumulou ganho de 14,4%. Já as duas últimas eliminam parte dos avanços do mês anterior: 7,2% e 12,6%, respectivamente, segundo a pesquisa.
O IBGE destaca os recuos nos ramos de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,9%), de couro, artigos para viagem e calçados (-6,8%), de outros equipamentos de transporte (-5,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,8%) e de produtos alimentícios (-0,2%).