IBGE aponta o reflexo negativo da política monetária sobre o setor, com predomínio de taxas negativas em 3 das 4 categorias econômicas e 15 dos 25 ramos investigados. No ano, a indústria acumula queda de 0,4% e, em doze meses, 0,0%
A produção industrial brasileira caiu 0,6% em julho deste ano, na comparação com o mês anterior, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com julho do ano passado, a queda chega a 1,1%. No ano, a indústria acumula taxa negativa (-0,4%) frente a igual período de 2022, e no acumulado dos últimos 12 meses o setor está estagnado em 0,0%.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, um dos principais motivos para esse resultado de taxas negativas na indústria é a alta taxa de juros.
“O reflexo negativo de uma política monetária mais restritiva, com taxas de juros mais elevada, tem impacto importante sobre a evolução dessa produção industrial”, afirma Macedo. “Ao longo do tempo, a gente vinha citando a inflação em patamares elevados e o mercado de trabalho com um número elevado de trabalhadores fora dele, mas esses fatores foram apresentando algum grau de melhora, mas a gente permanece com a taxa de juros em patamares mais elevados”.
O setor industrial se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, e 18,7% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Na passagem de junho para julho, 15 das 25 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda na produção, com destaque para os ramos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
Entre as atividades que registraram altas estão produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), produtos alimentícios (0,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%).
Nas quatro grandes categorias econômicas da indústria, três tiveram queda de junho para julho: bens de capital – máquinas e equipamentos usados pela indústria – caíram -7,4%; bens de consumo duráveis recuaram -4,1% e os bens intermediários – os insumos industrializados usados no setor produtivo caíram -0,6%. Os bens de consumo semi e não duráveis tiveram alta de +1,5%.
Nos sete primeiros meses do ano, a produção industrial registrou resultados positivos em apenas dois meses: março (1,1%) e maio (0,3%). Em junho, o setor ficou em 0,1% e caiu -0,2% em janeiro, -0,3% em fevereiro e -0,7% em abril, além do -0,6% em julho.
De acordo com Macedo, um dos setores mais afetados é a indústria de bens de consumo duráveis, um segmento que mais depende do crédito que tem nos juros o maior entrave ao consumo.
“A dificuldade na concessão do crédito para a compra de bens de valores mais elevados, é claro, traz reflexos negativos sobre a produção. Não por acaso, um exemplo muito claro desse reflexo negativo é a parte de bens de consumo duráveis, segmento que está 22,6% abaixo do patamar pré-pandemia e 42,1% abaixo do seu ponto mais elevado na série histórica, que foi alcançado em março de 2011. Quando comparado com o patamar de dezembro último, o segmento está 7,4% abaixo”.