A produção industrial do país acumula perdas de -7,2% até setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao apresentar os dados da Pesquisa Mensal de Produção Física na quarta-feira (04).
Na comparação com agosto, a produção física subiu 2,6%. Ainda que esse seja o quinto mês consecutivo de resultados positivos na comparação mensal, não há esperanças de que 2020 seja um ano de recuperação para o setor industrial.
As perdas relacionadas à pandemia se concentraram nos meses de março e abril, quando a indústria chegou a perder em produção física -9,4% e -19,5%, respectivamente. Sobre essa base deprimida, o setor cresceu em maio (8,7%), junho (9,6%), julho (8,6%) e agosto (3,6%, revisado de alta de 3,2% anteriormente divulgada). Segundo a pesquisa, a produção industrial encontra-se agora 0,2% acima do patamar de fevereiro, o mês que antecedeu as medidas de isolamento social para enfrentamento da pandemia – mas acumula, além das perdas até setembro, -5,5% de queda em 12 meses.
A produção industrial encerrou 2019 em queda de 1,1%. Em janeiro variou +1,0% e em fevereiro outro +1,0%. Voltar ao patamar de antes da pandemia só confirma que o setor continua estagnado e muito longe da recuperação em “V” de Paulo Guedes. E o setor ainda está 15,9% abaixo do seu patamar mais alto, alcançado em agosto de 2018. “Isso nos dá a dimensão do tamanho da perda que a indústria já vinha acumulando”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “2020 irá concluir esta década de modo bastante sintomático, já que nos últimos dez anos seis foram de declínio da produção e um de virtual estagnação. Crescimento de fato, acima de 2%, ocorreu somente em dois anos (2013 e 2017)”. De acordo com projeções, a produção industrial deve recuar 4,1% no ano.
Setores
Avaliando os grandes setores, as perdas no acumulado do ano se mostram ainda mais críticas. A produção de bens duráveis cresceu 10,7% sobre agosto, mas ainda recua -26,7% no ano. Bens de capital também apresentou recuo na comparação com o mesmo período do ano passado, de -2%.
No caso de bens de consumo semiduráveis e os não duráveis, a produção registrou expansão de 3,7% em setembro, frente ao mês anterior, mas caiu -7,6% no acumulado de 2020 até setembro.
Além disso, dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, apenas 15 conseguiram recuperar os níveis de produção de fevereiro.
“Veículos automotores, reboques e carrocerias avançaram 14,1%, mas ainda assim se encontra 12,8% abaixo do patamar de fevereiro”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa, ilustrando o movimento dos setores nesse período de crise.