Resultado de 8% em julho em relação a junho não elimina a perda de 27% acumulada nos meses de março e abril
Em julho, o avanço da produção da indústria de 8%, em relação a junho, não foi suficiente para eliminar a perda de 27% acumulada nos meses de março e abril, que derrubaram o patamar de produção ao seu ponto mais baixo da série. O crescimento de 8 % foi ainda menor do que nos meses anteriores, quando em abril cresceu 8,7% e em junho 9,7%. No acumulado do ano, a queda na produção foi de 9,6% e em relação a julho do ano passado recuou 3%.
Os dados da indústria foram divulgados hoje, quinta-feira (3), pelo IBGE, dois dias após o resultado do Produto Interno Bruto que tombou 9,7% no segundo trimestre, confirmando que o país está em recessão. Ao contrário da afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que diz que o país está crescendo em “V” para que possa continuar aplicando sua desastrosa política de arrocho fiscal e negando recursos para o combate à pandemia da Covid-19 que continua ceifando a vida de milhares de brasileiros.
No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa ficou em – 5,7%, o recuo mais elevado desde dezembro de 2016 (-6,4%).
Segundo o IBGE, a influência positiva mais relevante em julho em relação a junho foi assinalada pela atividade de Veículos automotores, reboques e carrocerias (43,9%), setor que teve sua produção praticamente paralisada durante a pandemia. E apesar de acumular uma expansão de 761,3% em três meses consecutivos de crescimento na produção, as montadoras continuam demitindo.
Todas as grandes categorias acumulam recuo no ano
De janeiro a julho, o recuo de 9,6%, frente a igual período de 2019, registrou resultados negativos em 4 das 4 grandes categorias econômicas: bens de consumo duráveis (-33,8%) e bens de capital (-20,3%), pressionadas, em grande parte, pela redução na fabricação de Automóveis (-49,4%) e Eletrodomésticos (-8,4%), na primeira; e de bens de capital para equipamentos de transporte (-35,5%) e para fins industriais (-15,7%), na segunda, bens de consumo semi e não-duráveis (-9,4%) e de bens intermediários (-5,3%). Houve recuo em 20 dos 26 ramos, 64 dos 79 grupos e 74,0% dos 805 produtos pesquisados.
Entre as atividades, a dos Veículos automotores, reboques e carrocerias (-42,1%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria. Mas cabe destacar também as contribuições negativas dos ramos de Metalurgia (-15,1%), de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-36,4%), de Máquinas e equipamentos (-15,7%), de Couro, artigos para viagem e calçados (-33,7%), de Produtos de borracha e de material plástico (-11,3%), de Produtos de minerais não-metálicos (-11,6%), de Outros equipamentos de transporte (-33,2%), de Produtos de metal (-9,7%), de Produtos têxteis (-19,8%), de Bebidas (-8,1%), de Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,0%), de Indústrias extrativas (-2,2%) e de Outros produtos químicos (-4,4%).
Por outro lado, entre as seis atividades que apontaram ampliação na produção, as principais influências no total da indústria foram registradas por Produtos alimentícios (4,9%) e Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8%).