Setembro foi a quarta queda seguida na indústria: -0,4%
A produção industrial brasileira recuou 0,4% em setembro em relação a agosto, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (4) e encerra o terceiro trimestre em queda de 1,1%.
É a quarta queda consecutiva da produção industrial que acumula perda de 2,6% no período. Com isso, a indústria se encontra 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia, e 19,4% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011. Frente a setembro de 2020, a queda foi de 3,9%. Em nove meses do ano, sete registraram queda.
De agosto para setembro de 2021, houve taxas negativas em três das quatro das categorias econômicas: bens de capital: -1,6%; bens de consumo duráveis: -0,2%; bens intermediários: -0,1%. A produção de bens de consumo semi e não-duráveis foi a única a crescer, com uma taxa de 0,2%. Dez dos 26 ramos pesquisados tiveram queda.
Num cenário de economia estagnada, desemprego e carestia nos preços dos alimentos, as maiores quedas na produção em setembro foram verificadas no segmento de produtos alimentícios que recuou 1,3%.
“Podemos observar sinais negativos em segmentos importantes no setor de alimentos, como a parte relacionada ao açúcar, por causa das condições climáticas adversas que prejudicaram a cana-de-açúcar. Outro setor com comportamento negativo foi o das carnes bovinas, explicado pela suspensão das exportações desse produto para a China no início de setembro, por conta do ‘mal da vaca louca’. Isso impactou negativamente o setor de alimentos”, diz André. Com isso, esse segmento encontra-se 7,4% abaixo do patamar pré-pandemia.
O IBGE destaca anda que, além desses setores, tiveram queda na passagem de agosto para setembro os segmentos de couro, artigos para viagem e calçados (-5,5%), outros equipamentos de transporte (-7,6%), bebidas (-1,7%), indústrias extrativas (-0,3%), móveis (-3,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,7%).
Entre os que registraram alta, destacaram-se produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%), outros produtos químicos (2,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,0%) e máquinas e equipamentos (1,9%). Outras altas vieram de celulose, papel e produtos de papel (1,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1,7%) e produtos do fumo (6,6%).
Em setembro, entre as categorias, bens de capital teve a taxa negativa mais acentuada (-1,6%) e intensificou a queda de 1,2% registrada em agosto. Bens de consumo duráveis (-0,2%) e bens intermediários (-0,1%) também recuaram no período, enquanto o segmento de bens de capital (15,0%) foi a única grande categoria econômica a avançar.
RECUO DE 3,9% FRENTE A SETEMBRO DE 2020
Frente a setembro de 2020, a indústria recuou 3,9%, com resultados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 45 dos 79 grupos e 55,7% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, as principais influências negativas foram: produtos alimentícios (-11,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,6%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-18,7%).
Vale destacar as contribuições negativas dos ramos de couro, artigos para viagem e calçados (-16,0%), bebidas (-7,1%), produtos de borracha e de material plástico (-7,7%), móveis (-21,0%), produtos de metal (-5,7%), outros produtos químicos (-2,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,8%), produtos têxteis (-8,6%) e produtos do fumo (-27,1%).
Para a indústria, o desempenho industrial vem deixando muito a desejar em 2021. Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ao analisar os dados de agosto, quando a produção industrial também recuou -0,7%, ressaltou “que as variações positivas, quando existem, ocorrem mais em função de bases de comparação muito baixas do que por um processo de retomada do nível de atividade do setor”.
Os dados da indústria do terceiro trimestre reforçam as previsões de mais um ano de estagnação na economia, ao contrário do crescimento em “V”, segundo Bolsonaro e Paulo Guedes. O desemprego continua em alta e a renda com tombo histórico de 10,2%, situação agravada pela alta da energia elétrica e dos combustíveis que não param de subir.
Segundo dados da Pnad Contínua do IBGE, são 37 milhões de brasileiros na informalidade, sem carteira assinada, com a renda arrochada. O salário médio na indústria desabou 13,8% no trimestre encerrado em agosto na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Com o aumento dos juros e queda nos investimentos públicos, o resultado é queda na produção, nas vendas, nos serviços e o aumento da miséria.