
“O desempenho de parte do setor, entretanto, continua restringido pela elevação das taxas de juros e pela conjuntura internacional mais incerta. Mais sensível a este quadro, a produção de bens de capital recuou em mar/25 e, entre os macrossetores, foi quem mais desacelerou no 1º trim/25, embora não tenha sido o único”, destaca o Iedi
A produção da indústria brasileira cresceu 1,2% em março frente a fevereiro, na série sem ajuste sazonal, após cinco meses consecutivos sem qualquer avanço, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta quarta-feira (7), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A indústria extrativa avançou +2,8% e a indústria de transformação +0,9%, sendo que a última, após recuar -0,4% em fevereiro.
Em outubro de 2024, a produção industrial brasileira recuou -0,9%; em novembro caiu -0,7% e em dezembro -0,3%. No início deste ano, o resultado do setor ficou em torno de zero: em janeiro 0,1% e em fevereiro 0,0%, em relação aos meses anteriores.
Como destacou o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), “o setor sem crescimento nos últimos por quase um semestre coincide com o período de aumento das taxas de juros
“Em março deste ano, a produção industrial voltou a se expandir, interrompendo a fase de resultados fracos ou negativos desde outubro do ano passado. O desempenho de parte do setor, entretanto, continua restringido pela elevação das taxas de juros e pela conjuntura internacional mais incerta. Mais sensível a este quadro, a produção de bens de capital recuou em mar/25 e, entre os macrossetores, foi quem mais desacelerou no 1º trim/25, embora não tenha sido o único”, afirma o Iedi.
Na avaliação do gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, “o mês de março se caracterizou por um maior dinamismo após cinco meses de menor intensidade (os três últimos meses de 2024, com resultados negativos e perda acumulada de 1,0%, mais os dois primeiros meses de 2025, quando o setor industrial ficou praticamente estável)”. Ele pondera ainda que “a explicação para o resultado desse mês passa pela combinação de meses sem crescimento relevante mais setores importantes recuperando perdas de meses anteriores”.
PRODUÇÃO DE BENS DE CAPITAL CAI 0,7%
De fevereiro para março, três das quatro grandes categorias econômicas consideradas pela pesquisa: bens intermediários, bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis tiveram expansão na produção. A quarta categoria que registrou variação negativa, foi a de bens de capital, que inclui máquinas e equipamentos, com recuo de 0,7% em março, frente a fevereiro.
São 16 dos 25 ramos da pesquisa que tiveram incrementos nas suas atividades em março. As principais influências positivas vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%), indústrias extrativas (2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%).
O índice acumulado de janeiro a março de 2025, frente ao mesmo trimestre do ano passado, assinalou avanço de 1,9%, com resultados positivos em quatro das quatro grandes categorias econômicas, 17 dos 25 ramos, 53 dos 80 grupos.
Entre as nove atividades que registraram queda na produção, produtos químicos (-2,1%) e produtos alimentícios (-0,7%) exerceram as principais influências na média da indústria, com a primeira eliminando o avanço de 2,0% registrado no mês anterior; e a segunda voltando a recuar após acumular expansão de 3,7% no período dezembro de 2024-fevereiro de 2025. Outras interferências negativas importantes sobre o total da indústria vieram de impressão e reprodução de gravações (-9,2%) e de metalurgia (-1,0%).
Em relação a março de 2024, a indústria geral teve crescimento de 3,1% na sua produção. O acumulado no ano ficou em 1,9% e o dos últimos 12 meses registrou a 3,1%.
Com esses resultados, a indústria se encontra 2,8% acima do nível pré pandemia no mês fevereiro de 2020 e 14,4% abaixo do ponto mais alto da série histórica em maio de 2011.