A produção industrial de janeiro caiu -0,9% sobre o mesmo mês do ano passado, revelou nesta terça-feira (10) a Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o primeiro balanço do setor no ano. Ou seja, 2020 começou – ao menos pelo setor produtivo – pior do que 2019.
No acumulado dos 12 meses, a pesquisa que analisa o volume de produção das indústrias do país apurou queda de 1%. Sobre dezembro, houve avanço de 0,9%, resultado cujo impacto foi relativizado pelos pesquisadores do IBGE. Isso porque, além da variação não conseguir recuperar os -2,4% de perdas dos dois meses anteriores (novembro e dezembro), a indústria mantece em janeiro os níveis de produção 17,1% abaixo dos níveis de operação de 2011.
“É como se estivéssemos operando no mesmo patamar em que estávamos entre janeiro e fevereiro de 2009”, destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
No ano passado, a produção industrial registrou queda de 1,1% e o PIB industrial ficou próximo a zero (0,5%), contribuindo para o PIB de apenas 1,1% em 2019.
Embora a variação positiva sobre dezembro provoque os ânimos de quem acredita que a política do atual governo possa ser responsável por qualquer recuperação econômica, Macedo reiterou por diversas vezes na divulgação da pesquisa que o resultado não indica uma mudança na trajetória do setor.
“A gente permanece com uma leitura de predominância em termos negativos”. “Em novembro e dezembro houve uma perda acumulada de 2,4% e é sobre esse resultado que a indústria está crescendo”, explicou o pesquisador.
Queda por setores
Entre as grandes categorias econômicas, a indústria perdeu, especialmente, nas categorias de bens intermediários (-1,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0.5%). Bens de capital conseguiu apenas fazer frente ao declínio de dezembro do ano passado, alcançando o mesmo nível de produção de março de 2019 e bens de consumo duráveis não conseguiram anular a retração do mês anterior de dezembro.
O principal impacto da categoria de bens de consumo veio do grupo de alimentos e bebidas para o consumo doméstico, que no ano perdeu -0,8%. Para a categoria de bens duráveis, foi a redução drástica de fabricação de automóveis (-5,8%), sentindo o peso da redução do consumo nacional e a crise na Argentina, que exerceram maior pressão negativa.
Analisando as atividades, a indústria extrativa pedeu -15% na comparação com janeiro do ano passado. A atividade de impressão, reprodução e gravação teve queda de -32,1%; o setor metalúrgico retraiu -2,8%; produtos de metal recuou 2,2%; e veículos automotores, -0,8%.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, as variações positivas foram mais significativas na parcela da indústria que pior tinha se saído no final de 2019. “Ou seja, contribuiu para o crescimento em jan/20 a existência de bases baixas de comparação”, diz o Iedi.