“Os países industrializados de renda média, grupo ao qual pertencemos, registraram expansão de 4% em sua produção industrial no segundo trimestre de 2022, ou seja, quase sete vezes maior que o resultado brasileiro”, aponta IEDI
Na contramão da indústria de transformação mundial, o desempenho do setor produtivo brasileiro recuou 2% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, ocupando a 100ª colocação em um ranking de 113 países avaliados pela UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial).
O Brasil só ficou na frente do Japão (-2,1%), Luxemburgo (-2,1%), Camarões (-2,3%), Sri Lanka (-2,9%), Malta (-3,2%), Mongólia (-4,2%), Brunei (-5,1%), Macau (-5,3%), Nova Zelândia (-5,7%), Bielorrússia (-6,1%), Argélia (-6,4%), Geórgia (-10%) e Irlanda (-10,1%).
De acordo com dados compilados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) a partir de informações da UNIDO (divulgados com exclusividade pelo Estadão nesta sexta-feira, 21), a média de crescimento mundial da indústria no período foi de 0,1%.
“Nossa defasagem só aumenta quando comparamos com o desempenho industrial de países mais parecidos com o Brasil. Os países industrializados de renda média, grupo ao qual pertencemos, registraram expansão de 4% em sua produção industrial no segundo trimestre de 2022, ou seja, quase sete vezes maior que o resultado brasileiro”, apontou o IEDI. O país está, por exemplo, mal posicionado em relação à Argentina (+5,9%).
O instituto aponta, além de entraves estruturais e encarecimento dos custos de produção, o problema da demanda doméstica impactada pela inflação e juros altos. A taxa de desemprego está entre as maiores do mundo, a renda do trabalho arrochada e a inadimplência das famílias e das empresas estão em patamares recordes.
A indústria de transformação mundial cresceu 3,7% no primeiro trimestre de 2022 e 3,1% no segundo, sempre na comparação ao mesmo período do ano anterior. O parque brasileiro, por sua vez, registrou queda de 4,5% no primeiro trimestre e patinou em torno de zero no segundo trimestre (0,6%).
Dentre os países da América Latina, a média de crescimento foi de 4,9% no segundo trimestre. Na média dos países industrializados de alta renda o aumento foi de 2,4%.
“Estamos muito aquém do desempenho industrial mundial”, frisou o estudo do IEDI. O instituto lembra que o resultado da indústria no segundo trimestre é quase um quinto do crescimento obtido pelo setor industrial na média global.
Dados mais recentes da produção física industrial, apurados pelo IBGE, apontam que o desempenho do setor no Brasil recuou 0,6% em agosto (último mês de referência divulgado), contrariando a propaganda de Bolsonaro à reeleição que afirma que a economia do país está de vento em popa.