Oito de 15 regiões pesquisadas pelo IBGE ficaram no vermelho na passagem de dezembro para janeiro. “A atividade industrial reflete os efeitos do forte aperto monetário, com risco de agravamento desse quadro nos próximos meses“, alerta a Fiesp
A indústria paulista, a maior e mais diversificada do país, amargou queda de 3,1% na produção em janeiro deste ano – sendo a principal contribuição para a queda de -0,3% no volume de produção do setor no primeiro mês do ano em relação a dezembro de 2022. A queda da produção industrial em São Paulo veio após um recuo de 0,8% no mês anterior.
De acordo com o recorte regional da Pesquisa Mensal da Indústria divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (6), no total, oito das 15 regiões pesquisadas apresentaram queda na comparação com dezembro. Além de São Paulo, importantes recuos na indústria do Rio Grande do Sul (-3,4), Maro Grosso (-2%), Rio de Janeiro (-1%), Santa Catarina (-1%) foram os destaques. Pará (-0,4%), Paraná (-0,3%) e Bahia (-0,2%) completam o conjunto de locais com resultados negativos.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao analisar o resultado da produção industrial do início do ano destacou que a queda foi puxada pela indústria de transformação e afirmou que “a atividade industrial reflete os efeitos do forte aperto monetário, com risco de agravamento desse quadro nos próximos meses“.
“Desde quando o Banco Central começou a subir a taxa Selic (mar/2021), as categorias com a maior perda em termos de produção industrial foram a de bens de consumo duráveis (-4,8%) e a de bens de capital (-4,7%), seguidas pelo setor de bens intermediários (-3,6%). O único setor que acumula crescimento positivo na mesma comparação é o de bens de consumo semi e não duráveis (+2,3%)“, ressaltou a Fiesp.
Sob protestos de amplos setores da sociedade, o Banco Central manteve a taxa básica da economia (Selic) em 13,75%, asfixiando o setor produtivo e o orçamento das famílias. Os juros altos, os maiores do mundo, foram considerados pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, “pornográficos”.
Os juros elevados a um patamar de dois dígitos revela-se objetivamente um entrave para o crescimento da economia e para a expansão da indústria, conforme os números apontam. Além de frear a demanda por bens industriais – especialmente aqueles de maior valor agregado como bens de consumo duráveis e semi duráveis, impede que investimentos sejam feitos à medida que encarece o crédito.
“Temos visto que a demanda das famílias e empresas por bens como automóveis, móveis, produtos eletrônicos vêm arrefecendo desde a metade do ano passado. Os juros mais altos, em um quadro de endividamento acaba reduzindo as intenções de compra por esses bens. Naturalmente, em uma dinâmica de política monetária apertada, o consumo, os gastos das famílias e empresas com bens duráveis acabam contraindo mais”, opina Rodolfo Margato, economista da XP.
Em janeiro em relação a dezembro, a situação só não foi pior para a indústria geral porque o Espírito Santo (18,6%) e Pernambuco (17,3%) registraram expansão de dois dígitos, acompanhado de resultados positivos na Região Nordeste (6,1%), Goiás (2,5%), Amazonas (2,4%), Ceará (1,5%) e Minas Gerais (0,6%).
Na comparação com janeiro de 2022, a indústria nacional variou apenas 0,3% em janeiro de 2023, com taxas positivas em sete dos 18 locais pesquisados.