Em setembro de 2025, a produção industrial nacional recuou -0,4% frente a agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (4)
No mês de agosto houve alta de 0,7% – dado revisado de 0,8% – na série com ajuste sazonal.
Prejudicada pela Selic (taxa básica de juros) do Banco Central (BC), que de um ano para outro subiu de 10,5% para 15% ao ano, a indústria brasileira não registrou crescimento em nenhuma das grandes categorias econômicas em setembro, mês que teve quedas de produção em 12 dos 25 ramos industriais pesquisados.
As indústrias de transformação (principal ramo da indústria brasileira) registraram 0% (zero) de crescimento em setembro. Esse resultado veio após alta de 0,5% em agosto, depois de uma série de quatro meses assinalando resultados negativos (abril deste ano – queda de 0,9%; em maio, -0,5%; junho, +0,1%, e julho, -0,1%).
Com o resultado de setembro, a produção industrial está 14,8% abaixo do pico mais alto, alcançado em maio de 2011, de acordo com a série histórica da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), que teve início em 2004.
Em 2024, a produção industrial havia crescido 3,1%. Agora, quando observado o acumulado do ano até setembro, o setor registra alta de apenas 1%. Em relação a setembro de 2024, na série sem ajuste, o setor marca alta de 2,0% na produção. Em 12 meses, cresceu 1,5%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC iniciou nesta terça-feira (4) a sua penúltima reunião do ano com os empresários produtivos cobrando a imediata redução no nível da Selic.
No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira (com um avanço do PIB de apenas 0,4% no período contra 1,3% no trimestre anterior) desacelerou fortemente, com a indústria de transformação apresentando uma queda de -0,5%, após cair 1% no 1º trimestre e a construção variando 0,2% em baixa, após recuo de 0,6% no 1º trimestre.
Frente a uma taxa de juros real (descontada inflação) que chega a mais de 10% ao ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) vem reduzindo a estimativa do crescimento esperado para a indústria de transformação em 2025, que agora está em apenas 0,7%. No começo do ano, a projeção estava em 1,9% de crescimento.
Nos meses entre abril e julho, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo, “o total da indústria teve um comportamento predominantemente negativo e acumulou nesse período perda de 1,3%. No resultado de setembro, o setor industrial voltou a registrar perda, influenciada, principalmente, por segmentos de peso na estrutura industrial que apresentaram recuos relevantes na produção”, comentou.
“Observa-se redução no ritmo de crescimento ao longo do ano”, uma vez que o setor industrial havia mostrado expansões de 2% no primeiro trimestre e de 1,3% no fechamento do primeiro semestre de 2025″, alerta Macedo, ao avaliar que a política monetária do BC tem um impacto importante na produção industrial.
Na passagem de agosto para setembro de 2025, as principais influências negativas vieram das indústrias farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%), extrativas (-1,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,5%), que, em conjunto, respondem por aproximadamente 23% do total da indústria geral.
Também houve quedas na produção de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,9%), de produtos químicos (-0,4%), de produtos diversos (-2,7%) e de outros equipamentos de transporte (-1,9%). Além de móveis (-1,4), máquinas e equipamentos (-0,6%) e produtos têxteis (1,1%) e de metais (0,7%).
Entre as grandes categorias econômicas, também na base de comparação com o mês imediatamente anterior, a produção de bens de consumo duráveis recuou -1,4%, sendo o resultado negativo mais acentuado de setembro. Já a produção de bens intermediários caiu -0,4% e de bens de consumo semi e não duráveis retraiu -0,1%.
Por sua vez, bens de capital variou em alta 0,1%, que na prática significa que o segmento apresentou estagnação na produção na passagem de agosto para setembro. No confronto com setembro de 2024, a produção bens de capital recuou -1,7%.
No índice de evolução do índice de média móvel trimestral, o total da indústria mostrou variação de alta de 0,1% no trimestre encerrado em setembro de 2025 frente ao nível do mês anterior, após subir em agosto de 2025 (0,2%), quando interrompeu dois meses consecutivos de queda: julho (-0,2%) e junho (-0,4%).
Entre as grandes categorias econômicas, o índice aponta que a produção de bens de consumo semi e não duráveis subiu 0,4% (interrompendo a trajetória predominantemente descendente iniciada em março de 2025) e de bens intermediários cresceu 0,2%.
Já bens de capital (-0,6%) e de bens de consumo duráveis (-0,3%) apontaram os resultados negativos nessa base, com o primeiro marcando a quinta queda seguida e acumulando nesse período redução de 2,6%; e o segundo voltando a recuar após avançar 0,3% no mês anterior, quando interrompeu dois meses consecutivos de perda, período em que acumulou redução de 1,8%.











