Inflação e juros elevados afetam investimentos e consumo. Para o Iedi, “2002 é um ano de recuo na produção para 60% dos parques regionais da indústria brasileira, incluindo São Paulo (-2,3% ante jan-jul/21), que tem 61% de seus ramos no vermelho”
Onze das quinze regiões brasileiras tiveram queda na produção industrial em julho, aponta o recorte regional da Pesquisa Mensal da Indústria (PMI) divulgada nesta sexta-feira (09) pelo IBGE.
De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), embora o resultado da produção nacional na passagem de junho para julho tenha sido positiva em 0,6%, a situação nos parques industriais do país releva sinais positivos “esparsos” e “precários”. “Os sinais positivos foram esparsos no território, em alguns casos com ajuda de bases baixas de comparação, em outros com sinais de desaceleração. Ou seja, tivemos um mês de expansão com perfil precário”.
A produção industrial brasileira também sofre as consequências da inflação e dos juros elevados, que inibem os investimentos e corroem o orçamento das famílias. Sem política industrial por parte de Jair Bolsonaro e com investimentos públicos reduzidos ao menor patamar dos últimos 50 anos, o setor ainda enfrenta as consequências da pandemia e o descaso do governo com a falta de insumos e os preços dolarizados.
Além do mercado interno reprimido, com cerca de 10 milhões de desempregados, outros 40 milhões no trabalho precário – sem carteira e com a renda em queda – e alto nível de inadimplência das famílias brasileiras, o Banco Central promete arrochar ainda mais o setor produtivo e os consumidores na próxima reunião do Comitê de Política Monetária este mês, elevando ainda mais a taxa básica da economia (Selic), que já atingiu 13,75% ao ano, mantendo o Brasil no patamar do país com o maior taxa de juro real do mundo (descontada a inflação).
Ao contrário das declarações de Bolsonaro de que a economia do país está “pujante”, o setor produtivo nacional continua operando a níveis abaixo do patamar anterior à pandemia. A indústria geral acumula queda de 2% no ano e de 0,5% no mês ante o mesmo período de 2021. Com base no que foi apurado pela pesquisa do IBGE, o Iedi lembra que no acumulado dos sete primeiros meses de 2022, 73% dos ramos da indústria permanecem desastrosamente no vermelho.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL PAULISTA RECUA 0,6%
No rol de estados que mantiveram a trajetória de queda na produção estão parques industriais importantes para o país – como São Paulo, que concentra o maior deles, e que teve queda de 0,6% na passagem de junho para julho.
“Com trajetórias frágeis no curto prazo, por ora, 2022 é um ano de recuo na produção para 60% dos parques regionais da indústria brasileira, incluindo São Paulo (-2,3% ante jan-jul/21), que tem 61% de seus ramos no vermelho”, assinada o Iedi.
Outros recuos foram registrados no Espírito Santo (-7,8%), Bahia (-7,3%) e região Nordeste (-6,0%). Ceará (-4,1%), Amazonas (-2,6%), Pernambuco (-1,9%), Paraná (-1,4%), Rio Grande do Sul (-0,7%) e Goiás (-0,4%).
Os “crescimentos esparsos” foram registrados no Pará (4,7%), Mato Grosso (3,7%), Santa Catarina (1,9%) e Rio de Janeiro (0,7%). Já em Minas Gerais houve variação nula.
“Mais do que esta elevada concentração em poucos parques industriais, vale observar que em metade deles o aumento de jul/22 só compensou perdas anteriores. No Rio de Janeiro, após dois meses seguidos de queda, a indústria registrou mero +0,7% nesta entrada de semestre. No Mato Grosso, a alta de +3,7% anulou o recuo de -2,4% de jun/22”, avaliou o Iedi.