Para o Iedi, “trata-se de uma acomodação que não coloca em risco a boa evolução do setor neste final de ano, muito embora a intensificação da alta da taxa de juros pelo Banco Central seja uma péssima notícia para 2025”
A produção industrial brasileira em outubro em relação a setembro recuou 0,2%. Por regiões do país registrou queda em quatro dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o levantamento nesta sexta-feira (13).
“O desempenho negativo da indústria em outubro, após dois meses de crescimento quando acumulou ganho de 1,2%, está ligado a alguns fatores macroeconômicos. De um lado, temos o efeito positivo gerado pelo aquecimento do mercado de trabalho, com expressiva redução do desemprego, e aumento das contratações e do rendimento médio, no consumo das famílias. Além de aumentar a renda familiar, isso beneficia a cadeia produtiva”, diz Bernardo Almeida, analista da PIM Regional. “Por outro lado, a taxa de juros em patamares elevados, encarecendo o crédito, impacta negativamente o consumo das famílias e, no lado da oferta, o investimento na produção industrial. A inflação também vem afetando o poder de compra, provocando redução da demanda e afetando o ritmo de produção da indústria”.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), “os dados divulgados hoje pelo IBGE reforçam o perfil localizado do declínio de -0,2% da produção industrial em out/24, já descontados os efeitos sazonais. Como mencionamos na última Análise IEDI, trata-se de uma acomodação que não coloca em risco a boa evolução do setor neste final de ano, muito embora a intensificação da alta da taxa de juros pelo Banco Central seja uma péssima notícia para 2025″.
Na quarta-feira, o Banco Central elevou a taxa básica da economia (Selic) em 1 ponto percentual, para 12,25%, a segunda maior taxa de juro real do planeta, e prometeu intensificar o arrocho monetário em 2025, com mais dois aumentos neste nível no início do ano. O que significa menos investimentos, empregos e consumo das famílias.
Na comparação com outubro de 2023, a indústria avançou 5,8% e as taxas positivas foram verificadas em 16 dos 18 locais pesquisados.
No acumulado em 12 meses, houve alta de 3,0%, com 17 dos 18 locais analisados mostrando resultados positivos, enquanto o índice acumulado no ano teve expansão de 3,4%, com resultados positivos em todos os 18 locais observados. A indústria nacional está 2,6% acima do seu nível pré-pandemia.
As maiores quedas no mês de outubro em relação a setembro foram registradas no Rio Grande do Sul (-1,4%), que eliminou parte do ganho verificado no mês anterior (2,0%). Os setores de produtos do fumo; produtos químicos; e celulose, papel e produtos de papel foram os que mais contribuíram para esse resultado.
A indústria do Rio de Janeiro (-1,3%) registrou o segundo mês seguido de queda e acumula uma redução de 2% no período, com destaque para os recuos nos setores extrativo e de máquinas e equipamentos.
Pará (7,0%), Mato Grosso (4,6%), Paraná (3,7%) e Ceará (3,5%) registraram resultados positivos mais expressivos. “A indústria paraense é pouco diversificada, mais concentrada no setor extrativo, justamente o que impulsionou o crescimento da indústria do estado em outubro. Esse bom desempenho acontece depois de três meses de resultados negativos, período no qual houve perda de 7,5%”, destacou o analista do IBGE.
A produção em São Paulo, maior e mais diversificado parque industrial do país, cresceu 2,0% de setembro para outubro, sendo a maior influência positiva no resultado da indústria nacional. É a segunda taxa positiva seguida da indústria paulista, acumulando um ganho de 3,1%.
“Os setores de veículos automotores; produtos químicos; e máquinas, aparelhos e materiais elétricos foram os que mais influenciaram a dinâmica da indústria do estado. Esse resultado deixa a indústria paulista 3,8% acima do seu patamar pré-pandemia e 19,5% abaixo do seu nível mais alto, alcançado em março de 2011”, ressalta Bernardo.